A BlackBerry é um daquelas empresas que poderiam ter sido extintas após as seguidas reviravoltas do mundo da tecnologia. Em seu próprio segmento, marcas conhecidas sofreram severas dificuldades e terminaram compradas por grandes grupos, caso da Nokia com a Microsoft e a Motorola com o Google.
Mas, apoiando-se na segurança de seus produtos, a BlackBerry sobreviveu a um potencial vendaval. A recuperação da empresa ficou clara no último relatório financeiro, que apontou forte queda nos prejuízos. A situação fortaleceu a companhia, que voltou a investir mais alto em inovação. E, a partir disso, usou a sua relação com a equipe Mercedes de Fórmula 1 para também achar um meio de contar essa história.
“Hoje, a Mercedes é campeã do mundo, mas há alguns anos, eles tinham dificuldades. E a BlackBerry também teve dificuldades. Então eu acho que esse é mais um paralelo que nós podemos traçar”, explicou Markus Mueller, diretor regional para a Europa da BlackBerry.
A empresa usa os pilotos da Mercedes em chats com a ferramenta BBM, além de criar ações promocionais a cada prova.
O outro lado importante da história foi o apoio no diferencial da segurança dos produtos da marca. O tema ficou em evidência na Fórmula 1 graças a uma série de escândalos de espionagem e trocas ilegais de informações que explodiram em 2007. Engenheiros de diferentes equipes foram denunciados pela prática.
Esse é a grande associação que a BlackBerry tenta fazer entre seus produtos e o patrocínio à Mercedes AMG Petronas. Para se recuperar financeiramente, a empresa tem se apoiado na segurança de seus produtos, concentrados em vendas para empresas e governos. “Quando se está sob pressão, você concentra no que pode ganhar”, resumiu Mueller.
Na prática, a BlackBerry se apoia na Fórmula 1 para promover, principalmente, duas tecnologias. A primeira se refere a mensagens criptografadas, com o BES10, produto da empresa. O programa garante que mensagens, vídeos e fotos enviados entre celulares da marca não sejam interceptados.
Parece excesso de prudência, mas, segundo o diretor-executivo da equipe Mercedes, Toto Wolff, é um serviço essencial. “Todas as decisões na Fórmula 1 são feitas por telefone. Agora, imagine que todas as suas estratégias fiquem expostas por três dias seguidos a cada semana. Todos os concorrentes, amigos, inimigos, mídia, juntos”, ponderou, reforçando a necessidade de um sistema seguro.
A segunda questão da BlackBerry é a promoção de novos produtos físicos, novos celulares. Esse aspecto fica aberto neste momento de maior tranquilidade financeira da empresa. Neste momento, a marca expõe um aparelho quase quadrangular, com teclado sensível ao toque, chamado de Passport. Com tela grande e usabilidade simples, a empresa quer unir aparelhos de negócio com possibilidades de lazer em um único dispositivo. A equipe da Mercedes, claro, dispõe do recém-lançado produto, que só deve chegar ao Brasil em 2015.
As plataformas oferecidas pela Mercedes somadas ao momento vivido pela empresa com a equipe devem garantir mais um ano de parceria. O contrato é fechado anualmente. A marca canadense esteve exposta nos carros da Fórmula 1 em 2013 e em 2014. Para 2015, Markus Mueller manteve mistério à Máquina do Esporte, ainda que tenha dado a entender que a tendência é de renovação.
* O repórter viajou a convite da BlackBerry