A reestreia de Robinho com a camisa do Santos, na terceira passagem do jogador pelo clube, é a essência de uma condição que o futebol brasileiro criou e que reflete no comportamento que a Fifa adotou com o país.
Viramos um capítulo à parte no relatório anual sobre a transferência de jogadores que ela produz.
O Brasil é o país que mais transfere jogadores internacionalmente no mundo. Entre janeiro de 2011 e junho de 2014, os clubes do Brasil foram responsáveis pela transação de 5.003 jogadores internacionalmente, que são as negociações que passam pelo crivo da Fifa.
A questão, porém, é a idade dos jogadores envolvidos nessas negociações. Sem divulgar todos os dados (os relatórios completos estão à venda), a Fifa indica que o país é exportador de pé-de-obra jovem e importador de atletas mais velhos.
O Santos, talvez, seja o melhor exemplo disso: no ano passado, negociou Neymar. Neste ano, repatriou Robinho, quase 10 anos mais velho. O que chama a atenção nos dados divulgados pela Fifa é que o movimento é referente mais à entrada de jogadores do que à saída. Ou seja, os clubes mais compram do que vendem atletas.
Só no primeiro semestre deste ano, foram 717 negociações de atletas brasileiro, dos quais 444 voltaram ao país e 273 seguiram o caminho inverso.
Desde janeiro de 2011, o Brasil negociou com o exterior 199 jogadores até 20 anos de idade. No mesmo período, foram repatriados 108 atletas dessa faixa etária. Na média, os jogadores enviados para o exterior têm 24,8 anos, enquanto os que são repatriados são mais velhos: 26,2 em média.
No total, a “balança comercial” das transferências é favorável. Desde 2011, o país gastou US$ 304 milhões para contratar jogadores do exterior. Os ganhos foram maiores: US$ 883 milhões. A Ucrânia é quem mais investiu em brasileiros (US$ 151 mi).