Assim como Adidas e Umbro, a Topper confeccionou camisas amarelas convenientemente parecidas com as da seleção brasileira. Em ano de Copa do Mundo no Brasil, é de se esperar que consumidores passem a colocar mais verde e amarelo em seu vestuário esportivo. E assim como Adidas e Umbro, a Topper foi notificada pela CBF para que suspenda as vendas dessas camisas.
A notificação extrajudicial está sendo analisada pelo departamento jurídico da Alpargatas, dona da marca, segundo apurou a Máquina do Esporte. Oficialmente, o grupo nega a informação.
A CBF confirmou que notificações como a que foi enviada para a Topper são “recorrentes” e, neste ano, por causa da Copa, têm sido mais frequentes – inclusive para marcas estrangeiras. A entidade afirmou que está “permanentemente tomando medidas para proteger os interesses de seus patrocinadores”, mas preferiu não listar quais são as fornecedoras que foram procuradas para interromper as vendas.
Não é para menos. A Nike, fornecedora oficial da seleção brasileira, é a empresa que mais coloca dinheiro nos cofres da CBF. Apenas em 2012, ano cujo balanço financeiro da CBF é o mais recente, a fabricante pagou R$ 61,7 milhões a título de patrocínio. O segundo maior contrato da confederação é o do Itaú, de R$ 30,1 milhões, portanto, menos da metade do que desembolsaram os americanos.
Nesta semana, a Nike apresentou versões amarelas das camisas de seus cinco clubes patrocinados no Brasil: Bahia, Corinthians, Coritiba, Internacional e Santos. O contrato que ela assinou com a CBF lhe dá esse direito, bem como o poder para vetar quaisquer materiais esportivos de concorrentes que façam alusão à seleção brasileira.
A alusão das coleções da Topper à seleção não poderia ser mais óbvia. No evento que realizou em São Paulo na noite da última terça-feira (4), inclusive, executivos da Alpargatas disseram ao microfone que algumas das camisetas confeccionadas para este ano “homenageiam a seleção da década de 1980”. O Brasil, naquela época, nas Copas do Mundo de 1982, 1986 e 1990, vestia Topper.
Alguns modelos amarelos da Topper podem ser vistos aqui e aqui.
Na mesma situação que a marca da Alpargatas enquadram-se Adidas e Umbro. Os alemães lançaram em parceria com o Palmeiras uma camisa verde e amarela no fim do ano passado. As peças esgotaram nas lojas, mas os estoques não foram repostos pela companhia. No jogo que garantiu o acesso à primeira divisão, no ano passado, contra o São Caetano, os palmeirenses jogaram de amarelo.
Os brit”nicos fizeram uniformes azuis, como a segunda camisa da seleção, para Atlético-PR e Remo, e amarelo para o Chapecoense. O mesmo pretexto da Topper foi usado por eles: a seleção brasileira da Copa de 1994, tetracampeã, usava Umbro.
Embora seja a responsável por pressionar a CBF para que as notificações extrajudiciais sejam enviadas, a Nike preferiu não comentar o caso. “A responsabilidade por zelar pelas parcerias, contratos e direitos de propriedade intelectual relacionadas à seleção é da CBF”, afirma a assessoria da companhia.