Após o incidente entre o francês Renaud Lavillenie e a torcida brasileira no estádio Olímpico do Engenhão, a Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) resolveu agir. A entidade que comanda o esporte pediu que os microfones da arena solicitem ao público respeito a todos os participantes dos Jogos do Rio 2016.
Nesta terça-feira (dia 16), durante a cerimônia de pódio, em que o brasileiro Tiago Braz recebeu a medalha de ouro do salto com vara, o francês voltou a ser apupado pelos torcedores presentes no Engenhão.
Durante a execução do Hino Nacional brasileiro, Lavillenie começou a chorar copiosamente. O francês chegou ao Brasil como campeão olímpico em Londres 2012 e é dono do atual recorde mundial (6,16 m), alcançado em 2014. Apesar do favoritismo, acabou surpreendido pelo brasileiro na final. Thiago bateu o recorde olímpico com a marca de 6,03 m para ficar com o ouro.
Depois de competir, Lavillenie reclamou muito da torcida brasileira, que o vaiou em todas as suas tentativas de salto. “Em Berlim 1936, o público vaiou Jesse Owens. Nunca mais vimos isso. Não houve espírito olímpico do público. Isso [vaia] é para futebol, não atletismo”, comparou.
Minutos após a declaração, o francês voltou atrás e disse que exagerou no calor do momento. “Não se pode comparar o Brasil com a Alemanha nazista. Foi um equívoco essa comparação. Estava muito chateado”, afirmou.
Lavillenie não foi o único caso de vaias no Engenhão. Na final dos 100 m, o norte-americano Justin Gatlin, principal adversário de Usain Bolt, o queridinho do público, também foi bastante apupado. O jamaicano acabou ficando com o ouro.
Apesar do pedido feito pelos alto-falantes do estádio, o público continuou vaiando ocasionalmente alguns atletas, principalmente os norte-americanos. Em grandes competições, como a Liga Diamante, circuito com os principais GPs do calendário, ou em Mundiais e Olimpíadas, não são comuns as vaias no atletismo.
No final da noite de terça-feira, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, se pronunciou sobre o assunto. “Estou chocado com o comportamento do público por vaiar Lavillenie na cerimônia de pódio. Isso é inaceitável em Olimpíadas.
Após o episódio, Thiago Braz e o ucraniano Sergey Bubka, maior nome da história da prova, foram consolar o francês. Lavillenie publicou em sua conta no Instagram um agradecimento à dupla: “Nunca pensei que pudesse me sentir humilhado em um pódio olímpico. Porque na pista há o respeito esportivo. Obrigado a Sergei e Thiago por me mostrarem o lado verdadeiro e belo de nosso fabuloso esporte. Obrigado a todos aqueles que me apoiaram.”