O COI (Comitê Olímpico Internacional) já está agindo para tentar diminuir o estrago de imagem após a desistência da candidatura de Oslo à sede dos Jogos de Inverno de 2022. Nesta quinta-feira, o comitê divulgou que não irá reabrir a concorrência. Com a saída da Noruega da disputa, só restam Pequim (China) e Almaty (Cazaquistão) na luta para abrigar a competição.
Capital do país dono de mais medalhas olímpicas na história dos Jogos de Inverno, Oslo era a favorita a levar o evento. Mas teve que abrir mão da candidatura após o governo local votar contra o fornecimento das garantidas econômicas necessárias. Segundo pesquisas, 55% da população era contra a realização do evento no país.
“Esta é uma oportunidade perdida para a cidade de Oslo e para todo o povo da Noruega, que é conhecido no mundo todo por ser grande fã dos esportes de inverno. É uma oportunidade perdida para excelentes atletas noruegueses que não poderão atingir façanhas em seu país”, lamentou Christophe Dubi, diretor-executivo dos Jogos Olímpicos.
Para Thomas Bach, presidente do COI, a saída de Oslo, a quarta cidade a abrir mão da disputa, não causa danos à imagem da Olimpíada. “Não ficamos sequer com um olho roxo. Temos duas candidatas com ofertas interessantes.”
A história não é bem essa. Estocolmo (Suécia), Cracóvia (Polônia) e Lviv (Ucrânia) já tinham desistido da concorrência. Anteriormente, outras cidades potencialmente fortes, como St. Moritz (Suíça) e Munique (Alemanha), já tinham aberto mão de entrar na disputa após a proposta ser rejeitada em votações municipais.Sede dos Jogos de Inverno em 1928 e 1948, St. Moritz poderia se tornar a primeira cidade a abrigar três edições do evento. Já Munique tentaria se tornar o primeiro local a sediar os Jogos de Verão e Inverno.
O custo dos Jogos de Inverno de Sochi, neste ano, também assusta: US$ 51 bilhões. O valor mais caro da história tem feito governantes e cidadãos ficarem apreensivos com a possibilidade de não fechar a conta. Como defesa, Bach tem reiterado que a maior parte do orçamento russo foi para obras de infraestrutura, que seriam feitas de qualquer forma, independentemente dos Jogos. As despesas operacionais teriam ficado restritas a US$ 2 bilhões.
Os gastos em Sochi e uma lista de exigências do COI geraram preocupação entre os noruegueses, que se orgulham de sua tradição nos Jogos de Inverno. O país já conquistou 329 medalhas no gelo e na neve (118 ouros, 111 pratas e 100 bronzes), sendo o líder do quadro geral de medalhas na história.
“O sonho dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de 2022 infelizmente acabou. É uma pena que não vamos mostrar ao mundo que a Olimpíada na Noruega seria fundada sobre nossa democracia, nossa forte cultura de voluntariado e grandes experiências de companheirismo. Respeitamos nossos adversários. Eles se mobilizaram e lutaram por aquilo que acreditam estar certo. Apesar de discordarmos muito neste caso, estamos felizes por todo o apoio que foi dado pelo movimento esportivo durante nosso trabalho”, afirmou o Comitê Olímpico Norueguês, em comunicado oficial.
A defecção de Oslo acompanha tendência recente em relação às candidaturas olímpicas. Na licitação pela sede dos Jogos de 2020, houve apenas três candidatas (Tóquio, Madri e Istambul), depois de Roma desistir por razões econômicas.
“Temos que estudar como reduzir os custos de licitação e gestão dos Jogos Olímpicos”, afirmou Bach, deixando claro que o tema preocupa o COI. “É preciso deixar claro os dois orçamentos [infraestrutura e operacional]”, acrescentou. A proposta de redução de custos das candidaturas olímpicas será votada em dezembro, em Montecarlo.
Com a saída de Oslo, Pequim se tornou a favorita a sediar o evento. Caso vença a concorrência, pela primeira vez na história haverá três Olimpíadas consecutivas na Ásia (Pyeongchang-2018, Tóquio-2020 e Pequim-2022). A capital chinesa pode se tornar ainda a primeira a sediar as Olimpíadas de Verão e Inverno.