A prestação de continência à bandeira brasileira no pódio dos Jogos Pan-Americanos não será vista em solo nacional durante a disputa dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Pelo menos é o que afirmam fontes ligadas à organização do evento que acontece no ano que vem no Rio.
As duras regras impostas pelo Comitê Olímpico Internacional para manifestações de atletas no pódio são vistas como responsáveis por inibir o gesto que alguns atletas brasileiros têm feito em Toronto nas Olimpíadas.
O COI prevê que o atleta possa perder a medalha conquistada caso faça qualquer manifestação política ou publicitária no pódio. Por isso mesmo, o argumento usado pelos próprios atletas para justificar a prestação da continência no Pan pode fazer com que o ato seja punido nas Olimpíadas.
No comunicado divulgado pelo Comitê Olímpico do Brasil, parte da justificativa para a prestação da continência é a de que o gesto é uma forma de o atleta agradecer o apoio financeiro dado pelas Forças Armadas.
“Segundo muitos deles (atletas), (a continência) representa também um reconhecimento pelo apoio que recebem das Forças Armadas e uma manifestação do orgulho que têm em representar o País”, afirmava parte do comunicado divulgado pelo COB à imprensa.
Com isso, o gesto caracterizaria uma espécie de referência a um “patrocinador”, o que é proibido pelo COI. O comitê, também, repudia qualquer ato que tenha conotação política. Essa decisão foi tomada após as manifestações dos atletas negros medalhistas dos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968. Eles fizeram, no pódio, o gesto que simbolizava o grupo “Panteras Negras”, organização política que lutava contra o racismo nos Estados Unidos.
“A continência, além de regulamentar, quando prestada de forma espontânea e não obrigatória, é uma demonstração de patriotismo, sem qualquer conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao subir no pódio e se saber vencedor”, argumenta o COB.