Ao contrário da temporada passada, quando teve de rivalizar com Batavo (cota máster) e as empresas do grupo Sílvio Santos (Telesena e Baú nos ombros, banco Panamericano na barra), a Hypermarcas é a única patrocinadora da camisa do Corinthians em 2010. No entanto, a exclusividade não levou a companhia a limpar o uniforme e aumentar o destaque de suas marcas. Ao contrário, a parceira alvinegra inseriu mais dois produtos no clube (além de Bozzano e Avanço, que já estavam nos ombros e axilas, a equipe do Parque São Jorge divulgará o laboratório de genéricos Neo Química e o detergente Assim neste ano). Essa estratégia revela o foco da empresa fundada pelo goiano João Alves de Queiroz Filho. Fundado há nove anos, o grupo Hypermarcas começou com a lã de aço Assolan. Após um primeiro ano de operação com faturamento de R$ 30 milhões, a empresa chegou aos R$ 3,5 bilhões em 2009. Tudo graças a um mix de aquisições e investimento em mídia de massa. No total, a Hypermarcas fez 20 aquisições e desembolsou R$ 5 bilhões nesses negócios. O mais recente foi a compra do laboratório Neo Química, fechada no ano passado, que fez o grupo investir R$ 1,3 bilhão e colocou a companhia no segmento de genéricos. A aposta da Hypermarcas é o crescimento específico do segmento de genéricos. A área responde por um faturamento anual de R$ 4,5 bilhões no mercado farmacêutico, que gera um total de R$ 30 bilhões. No entanto, o crescimento total é de 15%, e os medicamentos genéricos avançam 25% em média a cada ano. ?E nesse cenário positivo, a Neo Química está entre as empresas que mais cresceram. Vamos lançar muitos produtos neste ano, e por isso precisávamos de um espaço de mídia para aumentar o reconhecimento da marca?, explicou o diretor de marketing do grupo, Walker Lahmann, na entrevista coletiva de apresentação do patrocínio ao Corinthians. A despeito de ter reforçado seguidas vezes no evento a intenção de participar do dia-a-dia do clube e os planos para ativar o patrocínio, o grande foco da Hypermarcas no Corinthians é exposição. Sobretudo para a Neo Química, que tenta se consolidar como referência em um mercado com retrospecto recente positivo. A lógica também vale para explicar a grande quantidade de marcas no uniforme alvinegro em 2010. Como comprou todas as propriedades, a Hypermarcas podia ?limpar? o restante da camisa e dar destaque apenas à Neo Química. Contudo, preferiu utilizar o poder de mídia do Corinthians na temporada em que o clube completa cem anos de fundação. A manutenção da camisa loteada também pode ser explicada pelos resultados da temporada passada. A Hypermarcas não divulga resultados, mas pesquisas feitas pela companhia apontaram números favoráveis de espaço na mídia e de retorno do público, que ficou feliz por saber que empresas do grupo estavam na camisa do Corinthians. A Hypermarcas controla 170 empresas e quatro mil produtos. O extenso portfólio e o grande número de empresas na camisa do Corinthians gerou até situações inusitadas. Em toda a coletiva de apresentação do patrocínio, por exemplo, o detergente Assim só foi citado em uma pergunta sobre a marca. Além disso, nas referências a todos os parceiros do clube do Parque São Jorge em 2010, só uma vez o artefato foi lembrado.