“Teve time aí que gastou R$ 100 milhões e não ganhou nada. Eu não gastei. E estou na frente”. Foi com essa frase que Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, exaltou sua própria gestão após a vitória contra o Avaí, que praticamente selou o título brasileiro do time. O dirigente tentou dar ar de eficiência à sua administração em comparação ao rival Palmeiras, mas, na verdade, a equipe teve que superar seus tropeços para levantar a taça.
O campeão brasileiro de 2017 passou a temporada por diversas dificuldades financeiras, com direito até a briga na justiça por conta de telhas no Parque São Jorge, no valor de R$ 17 mil, que não foram pagas, segundo informações de maio da ESPN. As contas ficaram apertadas com a ausência de valor de bilheteria, toda destinada ao pagamento do estádio, e até a saída do patrocínio máster.
E, se neste ano as contratações ficaram por volta de R$ 20 milhões, em 2016 foram gastos R$ 70 milhões em atletas que foram coadjuvantes no título nacional. Na temporada de 2017, o clube teve que enxugar a folha salarial para R$ 8,1 milhões, a sexta do futebol brasileiro, mesmo com o terceiro maior faturamento do país, em 2016.
O grande mérito do clube foi, mais uma vez, a gestão do futebol, personificado pelo técnico Fábio Carille, para muitos, o principal nome do time no título nacional. Ainda assim, o treinador chegou ao cargo ao acaso. Após a saída de Tite, em 2016, foram contratados mais dois profissionais para a função. E a prioridade para 2017 era Reinaldo Rueda, hoje no Flamengo.
No marketing, segmento que o clube se destacou nas últimas temporadas, Andrade resolveu recusar uma redução da Caixa, o que fez com que o Corinthians deixasse de receber R$ 20 milhões neste ano. À Máquina do Esporte, o diretor de marketing do clube, Fernando Sales, chegou a afirmar que a decisão se devia aos excessos de exigência que a empresa fazia, com número elevado de camisas e ingressos dedicados à empresa.
Apesar dos parceiros novos, como Alcatel e Foxlux, o time ficou sem aporte máster e teve que se contentar com um aporte ampliado da Cia do Terno nos dois últimos meses do ano. Curiosamente, a marca não aparece nem no site oficial da equipe.
A próxima gestão, que assumirá a equipe no início de 2018, terá um enorme enrosco para destrinchar. Somente no primeiro semestre, o prejuízo foi de R$ 35 milhões, e o futebol responde apenas por metade desse valor. A dívida total já está próxima de meio bilhão e deverá passar a quantia do faturamento corintiano. Isso sem considerar a arena em Itaquera, que passou de R$ 1,7 bilhão.