O primeiro jogo da seleção brasileira após o estouro da crise de corrupção no futebol mundial passou longe do clima de protesto ou indignação. A torcida que compareceu em bom número ao Allianz Parque para o confronto contra o México, no último sábado, não se manifestou em massa em nenhum momento durante a partida. Em comentários isolados, o caso foi tratado como piada.
Já nos arredores do estádio, os ambulantes riam de quem passava com a camisa oficial da seleção e recusava os produtos piratas: “Vai lá encher os cofres do [José Maria] Marin”, disse em tom de zombaria um vendedor na esquina da Rua Turiassú com a Avenida Pompeia.
Alguns metros adiante, um carro de polícia com a sirene ligada pedia passagem para fazer a segurança do jogo. De longe, um torcedor gritou: “Olha o [Ricardo] Teixeira aí, gente. Cuidado com as carteiras”, provocando riso geral na “plateia”.
A seleção entrou em campo aplaudida. Nos 90 minutos da partida, um ou outro arriscava um grito de “chama o [Marco Polo] Del Nero pra resolver isso aí” ou “coloca mais grana aí, Del Nero, em referência ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), antes do primeiro gol de Philippe Coutinho. Diego Tardelli marcou o segundo ainda na etapa inicial do jogo.
Depois dos gols, a crise foi mencionada poucas vezes em conversas reservadas entre grupos de torcedores que se encontravam ao lado das cadeiras onde estava a reportagem da Máquina do Esporte.
A vitória contra o México marcou o retorno da seleção brasileira aos gramados nacionais desde o quarto lugar na Copa do Mundo de 2014, quando perdeu para a Holanda por 3 a 0 no estádio Mané Garrincha, em Brasília. O amistoso do time comandado por Dunga foi visto por 34.649 pagantes, com renda de R$ 6.737.030,00.
Nas duas últimas semanas, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos deflagrou uma crise no futebol mundial ao prender diversos dirigentes do futebol mundial por corrupção, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin. José Hawilla, dono da Traffic, foi um dos estopins do escândalo ao fazer um acordo para delação premiada. O caso culminou na renúncia de Joseph Blatter à presidência de Fifa apenas quatro dias após as eleições.