Passada campanha histórica nos Jogos do Rio 2016, o esporte cobra a conta: as confederações olímpicas passaram a ser investigadas ou a enfrentar problemas de gestão como nunca antes. Dois meses após o apagar da pira olímpica, basquete, desportos aquáticos, handebol, taekwondo e tênis enfrentam crise de imagem.
O último problema a vir à tona foi a suspensão da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) pela Fiba, a federação internacional da modalidade. Com a punição, a seleção brasileira está fora de torneios internacionais pelo menos até 28 de janeiro de 2017, data em que o Comitê Executivo da Fiba voltará a se reunir.
Entre as razões apontadas para a punição estão a ausência em competições internacionais, a desistência de sediar a etapa do Rio do Circuito Mundial de basquete 3 x 3 a 20 dias do início do evento, o cancelamento de campeonatos brasileiros de base e a necessidade de interferência externa para financiar viagens da seleção brasileira para torneios oficiais.
No início do ano, a Fiba chegou a cobrar publicamente a CBB por atraso no pagamento de vaga para a Copa do Mundo masculina de 2014. No ano passado, a federação chegou a condicionar a vaga direta da seleção brasileira aos Jogos do Rio 2016 ao pagamento de dívida de US$ 1 milhão com a entidade. No final, Nike e Bradesco, patrocinadores da CBB, fizeram o pagamento, evitando uma crise maior.
Há dois meses, a Fiba nomeou Jose Luiz Saes, ex-presidente da federação espanhola, como consultor da CBB para ajudar a resolver os problemas financeiros da confederação. Segundo o último balanço, a CBB tem mais de R$ 17 milhões em dívidas.
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos é outra que enfrenta grave crise de imagem. O MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo acusa o presidente Coaracy Nunes e outros quatro dirigentes de improbidade administrativa e fraude em licitações para a compra de material esportivo utilizando verba do governo federal. O desfalque nas contas da entidade ultrapassaria R$ 1,5 milhão.
A diretoria da CBDA chegou a ser afastada por liminar da Justiça. A decisão foi revogada na última sexta-feira. Coaracy, que já avisou que irá se retirar da entidade após as eleições, marcadas para o início de 2017, é o presidente de confederação olímpica há mais tempo no cargo. O dirigente comanda os esportes aquáticos há 28 anos.
A CBHb (Confederação Brasileira de Handebol), por sua vez, é alvo de investigação do Ministério Público Federal. Segundo a ESPN, há indícios de fraudes e contratos e licitações com uso de um total de R$ 6 milhões de dinheiro público.
Taekwondo e tênis também enfrentam problemas na Justiça. No início do mês, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou o afastamento de toda a diretoria da Confederação Brasileira de Taekwondo, incluindo o presidente Carlos Fernandes.
Sob os dirigentes pesam acusações de fraude em licitações, superfaturamento, falsidade ideológica e desvio de recursos públicos. O tribunal também determinou uma intervenção por 90 dias na entidade.
Já a CBT (Confederação Brasileira de Tênis) enfrenta problema na Justiça por conta de acusação de desvio de dinheiro público. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, houve desvio de R$ 440 mil de um convênio assinado com o Ministério do Esporte. A denúncia foi aceita pela Justiça Federal de São Paulo, e o presidente da CBT, Jorge Lacerda da Rosa, tornou-se réu no processo.