Após o desastre que provocou o vazamento de óleo no Golfo do México por 85 dias, a British Petroleum anunciou prejuízo trimestral de US$ 17 bilhões – a maior da história da companhia e a primeira perda em 18 anos. Como comparação, esse valor é três vezes maior que o lucro acumulado da mineradora Vale em 2009 – US$ 5,35 bilhões – e superior à receita da Petrobrás em 2009, de US$ 16,6 bilhões.
Antes da maior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos, a petroleira gozava de boa imagem e era reconhecida por grandes patrocínios ao esporte, como aos Jogos Olímpicos de 2012, a serem realizados em Londres. Agora, teve de trocar de presidente para recuperar a reputação e ainda está sendo avaliada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre a continuidade da participação no evento.
Segundo levantamento da British Petroleum, terão de ser gastos cerca de US$ 32,2 bilhões para cobrir custos atuais e futuros ligados ao vazamento de óleo. A partir desse contexto, surge a questão: a situação vivida pela companhia brit”nica, com ônus bilionário em termos financeiros e inestimável em imagem, pode ameaçar o apoio ao esporte?
Para o presidente da BDO, Eduardo Pocetti, não necessariamente. “Quando você se vê em algum momento sofrendo consequências inesperadas, você vai ter que buscar recursos onde achar mais adequado”, argumenta. “Uma crise leva a redução de investimentos em mídia, patrocínios, isso é normal, mas o esporte sofre tanto quanto qualquer outra atividade”.
Hipoteticamente, se o esporte for essencial para os objetivos de uma companhia, é possível reduzir gastos em outras áreas. “Se investir em mídia e esporte é importante, vou mexer em outros custos. Reduzir investimentos, desacelerar novas plantas, isso é muito relativo e varia caso a caso”, avalia o executivo da BDO, uma das cinco maiores empresas de auditoria, consultoria e tributos do mundo.
No caso específico da British Petroleum, dadas as dimensões da companhia em plano global, os patrocínios não devem sofrer influências. Se o desastre tivesse ocorrido no Brasil, contudo, o desfecho poderia ser diferente. “O esporte e o patrocínios são muito importantes no mundo, mas o Brasil ainda engatinha nesse assunto”, aponta Pocetti. “Enquanto nós movimentamos US$ 2 bilhões por ano entre ingressos, público, direitos de transmissão, os Estados Unidos movimentam quase US$ 90 bilhões”.