Como assino todo dia nesta coluna, esta é apenas a minha segunda Copa do Mundo. Digo apenas porque descobri, na Rússia, que, assim como existem torcedores de sofá e ultrafãs de um clube, daqueles que sabem cada detalhe do seu time, existem os fanáticos por Copas.
Diferentemente do Arnaldo Cezar Coelho, que cobre as Copas pela Globo desde os anos 90 e tem todas as comodidades de ser um “executivo sênior” em viagem a trabalho por uma grande empresa, os fanáticos por Copas normalmente viajam sem luxo. Trinta dias na categoria extraeconômica valem muito mais do que uma semana nos hotéis padrão Fifa com preços de altíssima temporada e refeições completamente sofisticadas.
Os fanáticos são um grupo interessante. Por seguirem a seleção há algum tempo, eles se conhecem, se ajudam, se planejam com grande antecedência e conhecem aspectos que os turistas comuns nem imaginam.
Eles trazem 30 camisas do Brasil e as usam durante todos os dias da Copa. Conforme as outras seleções vão ficando pelo caminho, eles trocam suas camisas com gente do mundo todo e incrementam suas coleções. Os fanáticos trazem fantasias ou acessórios certeiros para aparecerem na TV, serem entrevistados e tirarem incontáveis fotos com crianças, adultos, moradores locais ou estrangeiros. Eles se comunicam com inglês básico, mímica e muitos sorrisos.
Conheci dois desses torcedores fanáticos por Copas. Recebi várias dicas, convite pra conhecer seus souvenires de tantas Copas e fui incluído em um grupo de WhatsApp destes ultrafãs. Nos despedimos sabendo que ainda vamos nos encontrar nos próximos jogos, aeroportos e, quem sabe, no Qatar em 2022 e na América do Norte em 2026. Os meus dias de torcedor amador, pelo visto, já estão contados.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo