Nas últimas Copas, ter uma credencial no pescoço era comum para quem trabalhava no evento: do técnico da seleção em campo até a equipe de limpeza dos estádios, o pedaço de papel plastificado garantia uma identificação instantânea de quem veio a trabalho e de quem veio a passeio. Bem simples, continha o nome, foto e números de 1 a 9, informando a área de acesso no estádio. Eficientemente suíço poder saber em segundos se o João da Silva era mesmo o sorveteiro que poderia entrar no Maracanã horas antes do jogo e não uma ameaça.
O sistema funciona tão bem que a Fifa resolveu expandir a credencial também para quem veio a passeio: os portadores dos mais de 3 milhões de ingressos na Rússia. E não é que os torcedores e o governo russo também se deram bem nessa?
Em toda a Copa, ter o Fan ID no pescoço é obrigatório (e muito prático), além do ingresso de papel: ele permite pegar uma fila rápida ao chegar no aeroporto de Moscou, facilita a comunicação na imigração, economiza tempo e dinheiro com a isenção de visto pra entrar na Rússia e ainda permite usar trens e transportes públicos gratuitamente.
Para o governo russo, a ideia da Fan ID também ajuda bastante: mais facilidade em controlar e monitorar quem pretendia e efetivamente entrou em seu território, separa a trupe do futebol dos demais viajantes e habitantes, tem todo mundo catalogado antes da Copa e já adroniza os dados com a Fifa.
Já para a Fifa, melhora demais o controle de quem vai assistir os jogos, sabendo que boa parte dos ingressos de papel mudam de mãos sem seu controle: o nome impresso no ingresso não foi eficaz no Brasil e na Rússia. A visibilidade com milhares de pessoas portando Fan IDs em seus pescoços melhora também o cordão de isolamento em volta dos estádios e até mesmo a segurança nas Fan Fests.
Bola dentro esse Fan ID! Mas como qualquer desatenção significa gol de bola parada, a Fifa bobeou com a entrega dos Fan IDs e na comunicação com os fãs antes da Copa. Entre transporte e retenção na PF em Curitiba, foram 5 meses até recebê-la.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo