Uma das coisas mais legais da Copa do Mundo é justamente encontrar gente do mundo todo. Por mais que não sejam todos os povos tão apaixonados por futebol quanto os brasileiros, muita gente aproveita o clima alegre e ensolarado pra conhecer um país novo, e aqui na Rússia isso tem ocorrido.
Não tive a oportunidade de conhecer a Islândia, mas a história de uma ilha com 350 mil habitantes, paisagens incríveis, 120 jogadores profissionais ao todo, treinada por técnico dentista, que tirou a Inglaterra na Euro 2016 e foi para a Copa em primeiro lugar em seu grupo despertou a atenção em muitos fãs de futebol. Lá fui eu assistir a Islândia x Croácia (com um olho gordo no jogo da Argentina).
Mal o jogo começou e já dava para perceber que a torcida da Islândia é fantástica: tocam instrumentos, agitam bandeiras, se pintam, se fantasiam e cantam sem parar. O mais impressionante é o momento que ficou conhecido como “Viking clapping”: ao ritmo de um bumbo, toda a torcida islandesa (acompanhada de quase todo o estádio) abre seus braços sobre as cabeças e, ao bater uma palma, grita “Huh!”.
O ritmo começa lento e vai acelerando, até virar uma salva de palmas. Ficou tão impressionante que virou uma marca registrada do país, assim como o “Haka” está associado ao rúgbi da Nova Zelândia.
A Islândia deixou uma marca muito positiva para as pessoas que estiveram em seus jogos ou encontraram seus personagens pelas ruas: numa ilha distante, onde o sol brilha por menos de 6 horas por dia durante 9 meses do ano, vive um dos povos mais felizes do mundo. Exagero? No relatório anual da ONU, eles estão em 3° lugar. O Brasil, na 28ª colocação. Se ainda não está convencido, veja a música cantada alegremente pelos islandeses ao serem eliminados na Copa.
“Please don’t take me home/ Please don’t take me home/ Just don’t want to go to work/ I wanna stay here/ Drinking all the beers/ Please don’t take me home”
“Por favor, não me leve para casa / Por favor, não me leve para casa / Apenas não quero ir trabalhar / Eu quero ficar aqui / Beber todas as cervejas / Por favor, não me leve para casa” (em tradução livre)
Ao fim do jogo, alguns jogadores foram até a arquibancada e entregaram suas camisas em gratidão pelo apoio dado pela torcida. Os instrumentos usados por ela foram trazidos ao estádio e guardados após o jogo por membros da federação islandesa de futebol. Difícil imaginar a CBF dando essa força para nossa torcida.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo