Decidir sobre qual o melhor momento para acompanhar uma Copa é uma tarefa difícil: a primeira fase recebe visitantes do mundo todo, as ruas são invadidas por camisas de todas as cores, e os locais turísticos são pontos de encontro de gente esperançosa. Primeiro lugar do grupo, uma vaga nas oitavas ou mesmo um único gol podem significar aquela sensação de dever cumprido. Já a fase de mata-mata tem jogos tensos, aquele receio de tomar um gol, a busca incessante em conseguir furar a retranca adversária e confrontos cheios de rivalidade.
No caso de Brasil, Uruguai, Argentina, Colômbia e México, os torcedores tinham a confiança de que suas seleções se classificariam bem e chegariam pelo menos até as quartas de final (mexicanos, uruguaios e colombianos) ou seriam nada menos que campeãs mais uma vez (brasileiros e argentinos). Fato é que hoje temos o primeiro jogo de semifinais com quatro seleções europeias, e as maiores favoritas ao título ficaram pelo caminho: no início da Copa, a França era a 3a opção dos apostadores, pagando US$ 5,50 por cada dólar investido, a Bélgica US$ 11, a Inglaterra US$ 16 e a Croácia era um azarão. Brasil e Alemanha, favoritos disparados, pagavam US$ 4,75.
Fato é que poucos torcedores destas seleções semifinalistas esperavam que suas equipes estivessem por aqui neste momento. E isso se reflete pelas ruas: na véspera de um jogaço como França x Bélgica, é raro encontrar alguém vestido de vermelho ou de azul pelas belas ruas de São Petersburgo. Pontos turísticos, bares, restaurantes ou praças, os torcedores destas seleções não chegaram ou estão sem suas camisas, faixas ou bandeiras que indiquem a proximidade de um feito histórico.
Não há dúvidas de que o estádio estará lotado e que a qualidade técnica de ambas as equipes proporcionará uma partida que promete muito para os apaixonados por futebol. Contudo, a falta de latino-americanos e de suas torcidas mais animadas nas ruas têm sido notadas por todos, inclusive pelos russos. Que um clima festivo de Copa retorne a partir do momento que o juiz apitar o início das semifinais e traga de volta um pouco do barulho perdido nestes últimos dois dias de ressaca sem jogos.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo