França e Bélgica foram as protagonistas de um interessante jogo em termos táticos, embora o placar de 1 a 0 tenha sido decepcionante para quem esperava que os poderosos ataques convertessem uma chuva de gols sobre as defesas menos estreladas. O gol de escanteio de um zagueiro, parecido com o que a Bélgica abriu o placar contra o Brasil, definiu a França em busca do bicampeonato, aguardando um confronto histórico contra a Inglaterra ou pegando a zebra Croácia.
Como os ingressos para as fases decisivas da Copa são vendidos com grande antecedência (desde outubro de 2017), alguns milhares de torcedores de diversas nacionalidades foram sorteados para pagar salgados US$ 750 pelo ingresso mais comum para ver o jogo de perto. Brasileiros, argentinos, espanhóis, alemães, japoneses, americanos, uruguaios e russos, entre outros, dividiram o estádio com os franceses e belgas. Para quem adora futebol, estar presente em uma semifinal de Copa é uma experiência extraordinária, e ambas as seleções fizeram por merecer serem as donas da festa.
Contudo, para quem assistiu às semifinais da Copa de 2014, em que brasileiros eram maioria absoluta no Mineirão e argentinos invadiram São Paulo para apoiar sua seleção contra a Holanda, a semifinal de ontem (e provavelmente também a de hoje em Moscou) teve um estádio com torcidas comportadas, muitos decibéis abaixo da última Copa. Apenas quatro dias após suas classificações, poucos franceses e belgas conseguiram vir à Rússia para empurrar seus times.
Pode-se olhar este fato sob duas óticas: uma é a falta de empolgação, daquele mar de camisas vermelhas e azuis dividindo as arquibancadas, da festa francesa ao final do jogo, como foi a algazarra que vimos pela TV ocorrida na Champs-Élysées, em Paris.
Por outro lado, viu-se no estádio um arco-íris de camisas de fãs de futebol, todos usando orgulhosamente com suas cores, conversando amigavelmente sobre o porquê de não chegarem ao ápice da festa, se Neymar é “cai-cai”, como Cristiano Ronaldo jogará na Itália ou a necessidade de renovação de Alemanha ou Argentina. Por este lado, a Fifa proporcionou um belo palco para bate-papos que não ficariam devendo em nada para muitos programas de mesa-redonda que assistimos no Brasil.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo