Na última quarta-feira, o Ministério Público do Estado de São Paulo anunciou a abertura de um inquérito em busca de irregularidades nos valores do acordo de patrocínio que a prefeitura paulistana e o Ultimate Fighting Championship (UFC) assinaram para o evento que será realizado na capital paulista, no próximo sábado. A ação deu lugar ao rumor de que, devido a tais suspeitas, o evento pudesse ser cancelado. Nesta quinta, na coletiva oficial do UFC São Paulo, Marshall Zelaznik, diretor de assuntos internacionais da organização, refutou qualquer possibilidade de cancelamento e se mostrou aberto a colaborar com as autoridades locais na investigação.
“Não há nenhuma chance de cancelamento. Já vimos os relatórios, mas não recebemos nenhum comunicado oficial da Justiça. Se recebermos alguma notificação, vamos cooperar totalmente com as autoridades”, disse Zelaznik na coletiva.
“Não vou falar sobre o número ser preciso da verba destinada, seria inapropriado. Mas posso dizer que isso não muda em nada nosso compromisso com São Paulo ou com o Brasil. Vamos voltar”, completou.
De acordo com a nota do Ministério Público (MP), o patrocínio se tornava suspeito ao custar R$ 2,5 milhões, o equivalente a 70% de toda a verba anual que a Secretaria de Esportes e Lazer de São Paulo dispõe para a realização de eventos, o que o MP considera um “gasto desnecessário, abusivo e excessivo de recursos públicos em atividade não olímpica”.
O acordo foi assinado no fim do ano passado, quando Gilberto Kassab ainda era o prefeito da cidade. Ainda segundo a nota, a atual gestão, do prefeito Fernando Haddad, tem dez dias para prestar esclarecimentos sobre o assunto.
Após a coletiva, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o diretor do UFC disse ainda entender as razões que teriam motivado a abertura do inquérito: “Pelo que sabemos, está havendo uma troca de governo e isso sempre muda um pouco as coisas, já que nosso acordo era com o mandato anterior. Mas entendemos a postura da Justiça brasileira, afinal, se eles acham que há algo de errado devem investigar, e nós estamos completamente abertos a colaborar em qualquer sentido, já que sabemos que não há nada de errado no negócio. Não é anormal que isso aconteça em um país como o Brasil, onde há um histórico de problemas deste tipo, e por isso mesmo, eles estão certos de averiguar cada suspeita”.
Em agosto de 2011, em sua primeira visita ao Brasil no comando da atual administradora, a Zuffa, o UFC fechou um acordo semelhante com a Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ), no valor de R$ 950 mil.
O lutador Vitor Belfort, principal nome do evento deste sábado, também falou sobre o caso: “Eu acho que o que não é do bedelho, você não se envolve. Eu sei da integridade desse esporte, o que ele traz de economia para as cidades e para os países. É muito bonito ver a festa, mas ninguém sabe quanto se paga de imposto. O UFC veio com tudo às claras. Não tem nada escondido, nada debaixo do pano. Eles estão investindo no nosso país. Só temos que agradecer ao UFC”.