O esc”ndalo provocado pela suposta troca de votos, válidos para a escolha das sedes das edições de 2018 e 2022 da Copa do Mundo, por pagamentos entre R$ 1,5 milhão e R$ 3,6 milhões ganhou maiores proporções, e a Fifa intensificou as investigações sobre as candidaturas de Espanha e Portugal, em conjunto, e Qatar, além de suspender seis dirigentes.
As suspeitas sobre ambas as campanhas tiveram início após gafe de Jéromê Valcke, secretário-geral da Fifa. Durante entrevista coletiva, o dirigente se descuidou e, com o microfone ligado, comentou o nome do Qatar com o colega ao lado. Ao perceber o erro, desesperou-se e tentou corrigi-lo. “São apenas rumores, e não temos provas ainda”, disse. “Vamos ver se eles são verdadeiros”.
De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, as acusações secretas recebidas pela entidade apontam esquema entre as nações, no qual o Qatar faria esforços para que a Espanha recebesse três votos asiáticos para a Copa de 2018, enquanto espanhóis e portugueses se encarregariam de conseguir os quatro votos da América do Sul, além do próprio, para a campanha de 2022 do país.
O esc”ndalo teve início após reportagem do periódico brit”nico “Sunday Times”, que revelou negociações de venda de votos. O vice-presidente da Fifa, Reynald Temarii, e o cartola nigeriano Amos Adamu foram filmados pedindo altas quantias em troca de apoio nas eleições, a serem realizadas em 2 de dezembro deste ano. Ambos foram suspensos, junto com quatro outros dirigentes de alto escalão.
“Não é um dia feliz”, disse o presidente da Fifa, após a péssima repercussão do caso. “É um dia triste para o futebol, mas em um jogo não há como ter apenas comportamentos exemplares”. O suiço pode ter a própria candidatura à reeleição arranhada pela crise, então tem se esforçado para convencer a todos de que a “Fifa não é uma entidade corrupta”.
O secretário-geral, Valcke, reforçou o discurso do mandatário. “Não estamos falando da instituição”, argumentou. “Se um indivíduo é corrupto, não quer dizer que a entidade é corrupta”. Curiosamente, a Fifa anunciou que irá “reexaminar” a introdução de tecnologia para definir se a bola cruzou ou não a linha do gol, tecnologia rejeitada há seis meses. A medida é interpretada como maneira de desviar atenções.