Na Europa, dois clubes de grande porte encontraram alternativa para ampliar receitas com patrocínios sem poluir a camisa com logotipos, a exemplo do que faz o Corinthians no Brasil. Lyon, na França, e Juventus, na Itália, negociaram aportes individuais para camisas 1 e 2.
A empresa de apostas online Betclic irá expor a marca no uniforme titular da Juventus, o tradicional preto e branco, e na camisa titular do Lyon. Os valores de ambos os contratos não foram divulgados. No caso das peças para jogos fora de casa, a Juventus ainda não decidiu quem irá ocupar a propriedade, enquanto o Lyon concordou em estampar o logotipo da Everest Poker, companhia de jogos eletrônicos.
A estratégia, entretanto, é vista com receio por especialistas brasileiros. “Geralmente, quando uma empresa patrocina um clube de futebol, ela quer ter a exposição potencializada, e não dividida”, argumenta Fábio Wolff, consultor em gestão desportiva e proprietário da Wolff Sports & Marketing.
“Se um clube quer 30 milhões, está no mercado, não recebe ofertas e decide que duas empresas podem pagar 15 ou 16 milhões cada, aí dá para dividir”, complementa o consultor. “Se for por essa razão, para o clube não há prejuízo. Apenas acho ruim para a empresa”.
Uma hipótese considerada viável por Wolff é caso um time faça excursão à China e use a marca de um patrocinador chinês, exclusiva para a ocasião. Ou, em exemplo mais próximo à realidade brasileira, se um clube permanecer por muito tempo sem patrocinadores por almejar oferta alta demais, caso do São Paulo.
No Brasil, contudo, é improvável que a estratégia seja implementada tão cedo. Na visão de José Carlos Brunoro, especialista em marketing esportivo e dono da Brunoro Sport Business, “a cultura ainda não está bem definida nas empresas, que começaram somente agora a ver o filão da camisa com intensidade”.
Por esse motivo, apesar de permitir que clubes aumentem receitas, o fato de diminuir a visibilidade da marca da empresa torna o “conjunto da obra questionável”. “É preciso ver o conjunto para descobrir se valeu a pena financeiramente em retorno de mídia”, completa Brunoro. “Tudo depende da estratégia que a empresa adotar”.