A gerente sênior de programação da ESPN Internacional, Carolina Atwood, até reagiu com estranheza à pergunta sobre o peso do streaming para a empresa hoje: “Watch ESPN é prioridade. Streaming é a nova era. Essa é tão a nova norma que hoje, quando a ESPN publica dados de audiência, ela fala do canal linear e do streaming também”, enfatizou.
Esse tem sido o espírito do canal esportivo por assinatura do Grupo Disney. A Máquina do Esporte visitou a sede da ESPN, em Bristol, pequena cidade em Connecticut, nos Estados Unidos, para ver como a empresa tem lidado com a mudança no comportamento dos telespectadores no maior mercado do mundo. E poucos estão tão focados na conversão para o online.
E não é por menos. Apesar de a empresa estar investindo forte desde a última década na mudança para o meio online, foram nos últimos anos em que as mudanças foram sentidas na prática. Desde 2012, a televisão por assinatura tem perdido clientes nos Estados Unidos. E, neste ano, houve uma alteração simbólica, segundo levantamento da Leichtman Research Group: a Netflix, com 51 milhões de usuários, ultrapassou o número de assinantes TV a cabo.
A televisão paga, que inclui também a TV por satélite, continua soberana, com 95 milhões de assinantes em um país com pouco mais de 300 milhões de habitantes. Mas a alteração no modo de consumir conteúdo já não é uma simples tendência apenas. E isso atinge diretamente as transmissões esportivas e o mercado da ESPN.
Por isso a emissora se arma para ter todas as ferramentas necessárias para a mudança. “Tecnologicamente, a estrutura de Bristol é o que municia o Watch no mundo todo. Obviamente, a experiência vai depender muito da qualidade de banda que você tiver. Mas, basicamente, o que Brasil, México, Austrália e Estados Unidos recebem é a mesma tecnologia de ponta”, ressaltou o gerente de programação da ESPN Internacional, Robert Mills.
Um dos passos para ter destaque no segmento foi lançado em agosto deste ano. Um novo aplicativo, com diversas possibilidades de personalização do conteúdo, é uma das apostas da empresa para os próximos anos. A novidade, por sinal, deverá chegar ao Brasil em 2018.
“A grade linear te limita, com três, quatro canais e oito eventos ao mesmo tempo. Você tem que dar prioridade de acordo uma série de fatores. É um quebra-cabeça. O streaming te dá a possibilidade de mostrar tudo e o fã escolhe o que quer ver”, celebrou Atwood.