A capacidade de adaptação do futebol brasileiro à realidade após a Copa do Mundo de 2014 tem sido colocada à prova na gestão dos estádios que foram construídos pensando nas necessidades da Fifa. Na falta de interessados em ocupar os camarotes corporativos, a solução encontrada pelas arenas foi criar uma experiência VIP para torcedores endinheirados.
Neste domingo (4), na Arena Corinthians, cerca de 300 torcedores chegaram antes do horário de Corinthians x Palmeiras para assistir a um show do Fundo de Quintal. O evento ficou restrito a quem se dispôs a pagar entre R$ 345 e R$ 460 para chegar 4h antes do início do jogo, comer e beber à vontade, e depois ficar na área da “Arena Pop”, nome dado ao espaço que é gerenciado pela gravadora Som Livre.
Foto: Divulgação
“Estamos aproveitando nossa expertise em produção de shows e festivais para desenvolver este modelo de negócios que une música e esportes. A ideia é expandir esse modelo para outros estádios em breve”, afirmou Alexandre Wesley, diretor de shows e relacionamento com marcas da Som Livre.
A gravadora tem usado a arena corintiana para testar o modelo e ver de que forma o público se comporta. Chegar antes ao estádio é uma necessidade das arenas para gerar maior receita com o dia de jogo. Ter atrações que possam fazer o torcedor ficar mais horas dentro do estádio vira a solução do momento.
A “Arena Pop” ocupa uma área que, na Copa do Mundo, recebia as arquibancadas provisórias atrás do gol. Ela foi anexada a um camarote que estava “encalhado” e passou a receber, desde a volta da Copa América, esse mix de shows e futebol.
LEIA MAIS: Análise: Camarotes mostram mercado distante
O modelo é parecido ao que o Allianz Parque fez com o Champions Club. Uma área de pequenos camarotes corporativos foi transformada num grande espaço VIP, que tem até serviço de barbearia para os torcedores em dia de jogo. O local, gerenciado pela Golden Goal, virou modelo para a atuação da empresa em outros estádios, como Nilton Santos, Morumbi, Arena Corinthians e Beira-Rio.
O estádio do Internacional, aliás, tem outro modelo de área VIP coordenada pela Brio, gestora da arena. O “Coração do Gigante” oferece um serviço de assinatura mensal para áreas premium do estádio. O torcedor tem acesso ao setor que recebeu os VIPs na Copa de 2014, ou então pode se acomodar em camarotes.
Sem ter o público corporativo, as arenas conseguiram encontrar a solução para aumentar o tíquete médio nos jogos e, assim, desencalhar as áreas empresariais.