A estreia do Orlando City na MLS foi grandiosa, sendo descrita pelos próprios torcedores como “nosso Super Bowl particular”.
Realmente, a realidade não estava muito distante disso. Num ambiente extremamente pacífico e familiar, os americanos trouxeram o velho conceito do “fan/fun day” para o futebol e começaram a chegar aos arredores do estádio ainda na manhã do domingo, com direito a churrasco e jogos no estacionamento, como manda a tradição. Eram mais de 5 mil vagas para automóveis ao redor do estádio, com reservas pelo site.
Além disso, através de uma parceria do clube com as empresas do setor de transporte, o torcedor podia ir de graça ao Citrus Bowl, bastando mostrar o ingresso da partida. Ônibus e trens saiam dos principais pontos da cidade a cada 5 minutos, sempre lotados. Notem que falamos de uma parceria simples entre duas empresas com o intuito de facilitar a ida dos “clientes” ao estádio.
Para entreter os torcedores que chegavam à partida, o Orlando City criou uma pequena “fan fest” na frente do estádio, com apresentação de bandas locais, inúmeros “food trucks”, jogos e entretenimento para as crianças, além obviamente das ações de ativação de marca e patrocínio que estavam por todos os lados.
Isso não é imposição da liga, tudo foi feito por livre e espontânea vontade das empresas (leia-se planejamento de marketing).
Todos os patrocinadores do clube e da liga faziam ações com a torcida dentro e fora do estádio, da cerveja ao sistema operacional, todas as marcas sabendo da importância da divulgação in loco dos seus produtos para 60 mil possíveis consumidores. Enquanto a Microsoft se preocupava em demonstrar o novo Windows para torcedores acima dos 40 anos, o Subway, ao lado, focava sua ação no público infantil numa pequena quadra de futebol montada em frente ao estádio. Minutos antes do início da partida, dezenas de crianças se amontoavam em frente à ação do Subway pelo simples prazer de brincar e jogar futebol.
Dentro do estádio não foi diferente. A Adidas montou cerca de dez lojas móveis nos três níveis do estádio com produtos do clube. As filas eram grandes, mesmo durante a partida. A grande maioria dos torcedores estava atrás da nova camisa que foi estrategicamente apresentada na “MLS Jersey Week”, semana passada.
Assistindo ao jogo e analisando a forma de torcer é que percebemos a importância de uma figura como o Kaká para o futebol dos EUA. Cada toque na bola era uma festa na torcida, cada drible era motivo de euforia. Ter atletas de nível mundial fará muito bem para o soccer, pois o americano precisa se sentir “dentro do jogo” para competir com todas as suas forças, e a chegada do Kaká e dos outros astros tornou isso possível.
O fato é que vamos assistir nos próximos anos a um crescimento vertiginoso da MLS nos EUA, o que já pode ser atestado pelos novos valores de contratos de patrocínio e direitos de TV que a liga fechou para os próximos anos.
Mas não vai ficar por aí. A MLS aumentará mais uma vez o “salary cap” em 2016 para incentivar a chegada de novos atletas de nível internacional, que consequentemente aumentará a atenção do torcedor, elevando a audiência e estimulando a chegada de novos possíveis interessados em unir a sua marca ao esporte com mais praticantes no mundo, o soccer.
* Ricardo Ognibene é sócio do Sport Group, agência de marketing esportivo baseada em São Paulo e com filial em Orlando (EUA)