Nos últimos oito anos, a soma dos patrocínios no futebol brasileiro cresceu 274%. Nos clubes, isso fez com que a receita obtida com as empresas parceiras saltasse de 9% para 17% nos orçamentos das agremiações. Hoje, alguns clubes já têm dificuldade para atingir o valor almejado, mas segundo o estudo da BDO RCS, a tendência é que o número continue subindo.
A empresa divulgou que, até 2014, a soma dos patrocínios aos clubes e à CBF deve chegar a R$ 898 milhões. Atualmente, esse número está em R$ 566 milhões, após um crescimento de 38% entre os clubes de 2009 para 2010. A projeção para o ano da Copa do Mundo no Brasil está em o que a BDO chamou de “perspectiva realista”. A “otimista” chega a R$ 1,1 bilhão.
A previsão da BDO chega em um momento em que alguns clubes já encontram dificuldades para conseguir patrocínio que atinja o valor almejado. O foco tem sido em números que consideram o crescimento dos últimos anos, como o apresentado pelo estudo. Mas o sucesso não tem sido garantido.
O caso mais gritante está no Flamengo, que imaginou ter facilidades para conseguir R$ 30 milhões com a presença de Ronaldinho Gaúcho no elenco. Até agora, o clube não fechou o patrocínio máster que gostaria, e dirigentes do clube já admitem que, para conseguir um valor maior, terá que fatiar o uniforme. Outro caso é o São Paulo, que até 2009 mantinha o segundo maior contrato entre clubes. Após um período apenas com acordos pontuais, fechou com o BMG, por um valor abaixo do desejado.
Segundo o diretor de esporte da BDO RCS, Amir Somoggi, o crescimento dos valores de patrocínio até 2014 não está ligado, necessariamente, aos contratos de exposição dos uniformes das grandes equipes. “Ainda há clubes com acordos muito baixos, com espaço para os valores subirem. Eu ainda não vejo um teto para os patrocínios”, afirmou.
A análise de Somoggi identifica a diferença criada entre os clubes mais ricos e os mais pobres. Hoje, os dez que mais recebem aportem mantém 74% do valor de patrocínio entre os clubes. Em 2009, essa porcentagem era de 65%. A diferença no último ano se deu graças ao aumento significativo de alguns times, caso do Palmeiras com a Fiat e o Atlético Mineiro com a BMG.
Existem outros fatores com potencial para aumentar o número de investimento com patrocínio. Um deles é com a marca de fornecimento de material esportivo. Enquanto na Europa clubes como o Real Madrid negociam com cifras que passam dos 40 milhões de euros por temporada, no Brasil, a maioria dos clubes de Série A não recebe nem R$ 5 milhões.
Outra questão, mais complexa, é um melhor uso das propriedades, para que o investimento vá além da exposição. “Nós ainda estamos em um processo de entender o patrocínio esportivo. As empresas e os clubes ainda não vêm o investimento como uma plataforma comercial ativa, apenas como compra de mídia”, afirmou Somoggi.