A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) realizou, nesta quarta-feira, um seminário sobre os modelos de investimento no transporte público nacional para a Copa do Mundo de 2014. Diante de uma platéia composta majoritariamente por empresários de companhias de ônibus, a entidade e especialistas no assunto apresentaram um plano de ação baseado no transporte rápido sobre a superfície. Mais do que uma sugestão, a opção feita pelos palestrantes representa a formação de um lobby para o setor, considerado um dos principais gargalos na organização do Mundial. Amparados por um estudo feito pela Jaime Lerner Arquitetos Associados, dirigentes da NTU e até de órgãos federais como o Departamento Nacional de Tr”nsito (Denatran) defenderam adaptações viárias que possibilitem a priorização de ônibus. Com isso, soluções alternativas como metrôs convencionais ou de superfície ficariam em segundo plano. A tese foi defendida pelo próprio Jaime Lerner. Ex-prefeito de Curitiba e um dos responsáveis pelo planejamento urbano da capital paranaense, o político do Democratas (DEM) defende que o chamado transporte rápido por ônibus (BRT, em inglês) é mais barato que os veículos leves sobre trilhos (VLT). ?A Copa pode ser uma grande oportunidade para o setor, mas tem de ser aproveitada da maneira correta. Se entrarmos em sistemas muito subsidiados e criarmos três ou quatro linhas de metrô, vamos acabar deixando de investir em setores como educação e saúde?, disse Lerner. ?O governo da África do Sul também apostou no BRT. Não existe outra solução que não seja essa. Lá, o transporte público é baseado 80% em ônibus e 20% em lotações particulares?, disse Wagner Colombini, engenheiro especializado que faz consultoria para os projetos de Johanesburgo e Cidade do Cabo. Segundo a pesquisa de Lerner, com US$ 1 bilhão (R$ 1,9 bilhão) é possível abrir 426 km de extensão para BRT. A mesma verba, no entanto, viabilizaria 40km de VLT, 14km de metrô elevado ou 7km de metrô subterr”neo. Na prática, trata-se de mais uma disputa nos bastidores pela Copa do Mundo. Caso o poder público siga o setor e faça o investimento em alargamento de vias, as empresas ligadas aos metrôs, por exemplo, podem perder a oportunidade de investimento. Por isso, essas companhias também fazem o se lobby em ocasiões especiais.