A venda dos direitos para a comercialização de placas de publicidade e transmissão internacional do Campeonato Brasileiro entre 2019 e 2022 para a desconhecida BR Newsmedia levantou um monte de suspeitas sobre quem seria o grupo de investidores por trás da proposta vitoriosa.
Nas reuniões com a Comissão de Clubes da CBF, a principal representante da BR Newsmedia foi a empresária Patricia Coelho, desconhecida do meio esportivo, mas figura famosa no mercado de mineração e navegação.
Ex-diretora do banco Opportunity, Patricia é bastante conhecida no Rio de Janeiro. Quando ainda vivia o seu auge como empresário, o hoje condenado Eike Batista tinha nela uma espécie de “conselheira”.
No esporte, porém, Patricia começou a aparecer no começo do ano, quando anunciou a compra da revista Placar (que passa atualmente por um processo de reestruturação) e posteriormente a entrada de Alexandre Grendene, co-fundador da Grendene, como um de seus sócios na BR Newsmedia.
A compra dos direitos internacionais do Brasileirão casa com o projeto que a empresária vislumbra para a Placar desde a saída do grupo Abril. A ideia da empresária, que contratou uma agência para cuidar do projeto de relançamento da marca, é investir em streaming, com a transmissão de eventos esportivos. É isso, aliás, o que aproximou a empresa da aquisição dos direitos de transmissão do Brasileiro.
O projeto de venda internacional do Brasileiro foi o que encantou os clubes, que sempre consideraram subvalorizados os direitos dessa propriedade. Pela proposta da BR Newsmedia, o custo desses direitos é de R$ 110 milhões por quatro anos. Agora, o maior desafio da empresa é revender isso para o exterior. Grandes grupos de mídia especializados nessa comercialização fizeram propostas muito abaixo desse valor, o que acabou sendo determinante para a escolha dos clubes.
Até agora, porém, Patricia Coelho atua no esporte da mesma forma como Eike Batista fez no mercado. Muito barulho, mas nenhuma ação mais efetiva. A Placar ainda segue sob domínio da editora Abril, sem previsão para relançamento da marca. O movimento com os clubes, agora, coloca ainda mais pressão por resultado sobre a BR Newsmedia. Com uma conta de R$ 137,5 milhões para fechar por ano, é preciso convencer o mercado local a investir em placas de publicidade sem os dois maiores times. E o mercado internacional a querer pagar pelo Brasileirão.