O Corinthians montou um esquema especial para viabilizar a contratação do atacante Ronaldo. Para isso, o clube envolveu uma série de propriedades de patrocínio e ofereceu ao jogador uma porcentagem nos lucros. A engenharia, termo usado constantemente pela diretoria alvinegra para descrever o modelo, submeteu o uniforme alvinegro à exposição de até cinco marcas concomitantes. E esse modelo ?retalhado? de camisa, a despeito de contradizer a tradição, é respaldado pela falta de dados. O primeiro exemplo disso é o volume de vendas. É impossível dissociar a procura por camisas oficiais da campanha positiva do Corinthians na atual temporada ? o clube foi campeão paulista e está na semifinal da Copa do Brasil ? e da presença do centroavante Ronaldo no elenco. Ainda assim, a diretoria comemora os números praticados neste ano. ?Eu posso colocar camisas com um, dois ou cinco patrocinadores, e vou vender todas?, disse Luis Paulo Rosemberg, diretor de marketing alvinegro. Outro ponto que avaliza a grande quantidade de patrocínios é a falta de estudos mais aprofundados sobre a fixação da marca. Para isso, seria importante confrontar a visibilidade dos cinco logotipos atualmente expostos na camisa do Corinthians com o que teriam duas empresas, mas em um momento de mídia semelhante ao atual. ?Ficamos um pouco no mundo da suposição. Quando fazemos a pesquisa Sport Track, montamos um índice de lembrança dos patrocinadores. O que nós não conseguimos é medir se isso seria diferente se o clube tivesse apenas uma ou duas marcas?, ponderou Rafael Plastina, proprietário da Sport Track, empresa que pesquisa hábitos de consumo esportivo. Plastina lembra ainda que uma análise sobre a exposição de cada patrocinador deve considerar as intenções de cada empresa ao optar por um contrato ao esporte: ?É claro que a marca do Corinthians é excelente e proporciona grande visibilidade, mas para desvendar esse mistério é importante saber o que o parceiro quer. Ele pode buscar só a exposição, mas também pode querer relacionamento ou posicionamento?. ?Não é normal essa quantidade de patrocinadores?, prosseguiu o pesquisador. O problema é que o número elevado de empresas foi fundamental para possibilitar a contratação do atacante Ronaldo, que também tem influência no desempenho técnico da equipe ? o maior artilheiro da história das Copas do Mundo recebe salário mensal de R$ 400 mil e 80% dos acordos do clube para mangas ou calções. A dúvida sobre os efeitos da quantidade de patrocínios que o Corinthians também se justifica por ser um clube diferente. ?Não é comum, até porque nem todo clube consegue vender tanto. Precisamos esperar até o fim do ano para vermos os resultados de pesquisas sobre isso?, finalizou Plastina.