A Fifa decidiu manter as datas da Copa Africana de Nações para 17 de janeiro a 8 de fevereiro, no Marrocos. Em reunião realizada no domingo, em Argel (Argélia), o Comitê Executivo da entidade negou, por unanimidade, o pedido do Marrocos, que queria o adiamento do torneio.
O país africano, sede do evento, teme que o torneio possa servir para alastrar a epidemia de ebola, que assola alguns países do continente. A Fifa, porém, jogou o Marrocos contra a parede, dando prazo até sábado para que o país dê uma posição final sobre o caso. O Marrocos corre o risco de punição, caso não aceite a decisão da entidade.
O Marrocos havia cogitado até fazer jogos sem a participação de público, como forma de evitar a propagação da doença.
No dia 11, no Cairo (Egito), haverá nova reunião para decidir o assunto. Não está descartado que, caso o Marrocos mantenha a negativa, a competição possa ocorrer em outro país africano, nas mesmas datas.
Uma das vozes que defendem a realização do torneio é o volante Yaya Touré, do Manchester City. “Não tenho medo. Há uma forte psicose sobre essa epidemia. A Copa Africana de Nações é muito importante para a África. Ela precisa acontecer”, afirmou o marfinense.
Algumas justificativas foram apresentadas pela Fifa para tomar essa decisão. Segundo a entidade, a CAF (Confederação Africana de Futebol) está agindo “de acordo com princípio de precaução de salvar vidas cumprindo rigorosamente as recomendações da Organização Mundial da Saúde”. Em 12 de agosto, a CAF suspendeu todas as competições em países fortemente afetados pela doença, casos de Libéria, Serra Leoa e Guiné. A iniciativa foi para evitar que os estádios se tornassem foco de propagação do vírus.
De acordo com a Fifa, a confederação continental também tem organizado diversas competições desde o início da epidemia, em abril, “com nenhum caso de ebola relatado relacionado com a organização de um jogo de futebol”.
Segundo o comunicado da Fifa, a OMS também reiterou a recomendação de não se cancelar torneios internacionais em países que não foram afetados pela doença.
A entidade também lembrou alguns eventos recentes, que não tiveram relatos de infestação do vírus. Foi o caso, por exemplo, da Copa Africana feminina, realizada na Namíbia, em outubro.
A Costa do Marfim contou com médico da CAF para monitorar a chegada da seleção de Serra Leoa ao país para jogo das eliminatórias da Copa Africana de Nações. Já a República Democrática do Congo concordou em ceder seu território para que Serra Leoa pudesse realizar seus mandos de campo, também sem casos de contaminação.
Dos três países que enfrentam a epidemia de ebola, apenas Guiné ainda tem chance de se classificar para o torneio.
A Fifa também lembrou que o Marrocos irá receber em dezembro a Copa do Mundo de clubes, com a participação do Real Madrid, da Espanha, local em que já houve caso oficial de ebola.
A entidade usou até argumentos econômicos para embasar sua decisão. Segundo a Fifa, o poder de compra dos africanos fará com que não mais de mil visitantes de outros países do continente viajem ao Marrocos para ver os jogos. A exceção seriam os turistas de países próximos ao território marroquino, de regiões não afetadas pelo vírus. Com isso, o sistema de saúde do país teria todas as condições de fazer o acompanhamento desses turistas.
Outro problema para o adiamento seria desrespeitar o calendário internacional da Fifa, que permite a liberação dos jogadores, boa parte deles atuando na Europa, para a disputa da competição.