Torcidas organizadas e diretorias de clubes de futebol vivem uma relação de amor e ódio. Quando os eventos caminham bem, os grupos de fãs são abastecidos com ingressos, e as festas nas arquibancadas servem de imagem para os times venderem seguidores apaixonados. Quando algo sai errado, eles são os primeiros a serem cortados. Com o caos gerado no Maracanã na decisão da Copa Sul-Americana, essa foi a medida adotada pelo Flamengo.
O clube carioca anunciou nesta semana que extinguirá o plano de sócio-torcedor dedicado às torcidas organizadas. O programa previa uma modalidade de R$10, a mais barata para os flamenguistas, para os fãs registrados nas organizações; além do desconto, ela previa prioridade de compra nos ingressos da equipe.
Em nota oficial, o Flamengo justificou o plano por “entender que as organizações filiadas infringiram o Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público e os Termos de Serviço do contrato com o clube”. A diretoria do time ressaltou, por outro lado, que em nenhum momento fez doações de ingressos para os torcedores organizados.
Ao longo das décadas de 1990 e 2000, foram diversas as medidas de organizações públicas que tentaram impedir a presença das torcidas organizadas nos estádios, especialmente em São Paulo. Atualmente, na capital paulista, quatro agremiações do Corinthians estão proibidas pelo Ministério Público de entrar nos estádios. A medida aconteceu justamente após brigas no Maracanã, mesmo palco das confusões dos flamenguistas.
Nos últimos anos, os próprios clubes têm levantado a bandeira contra seus torcedores organizados. O time que tomou a medida mais drástica foi o Cruzeiro, em 2014. Sob a gestão de Gilvan de Pinho Tavares, a equipe de Minas Gerais resolveu proibir o uso da marca do clube em qualquer material dos torcedores. Com o argumento de que os produtos seriam piratas, o dirigente quis desvincular os atos das agremiações do time mineiro.
O Cruzeiro não esteve isolado nessa briga. Em 2016, o Sport chegou a ir à Justiça para banir a entrada de seus torcedores organizados nos estádios. No mesmo ano, o Atlético Paranaense chegou a lançar nota oficial para pedir a extinção dos grupos.
No fim deste ano, o Palmeiras também soltou nota para anunciar o rompimento com as organizadas, após um protesto no Allianz Parque. O presidente do clube, Maurício Galiotte, havia reaproximado a equipe das agremiações no início de seu mandato, com ajuda no acesso a ingressos e na logística de viagens.