Os dois assuntos primordiais da entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, em um hotel de São Paulo, eram a confirmação do grupo Virgin na próxima temporada da Fórmula 1 e o anúncio do piloto paulistano Lucas di Grassi como titular da equipe que levará o nome da empresa. No entanto, o futuro da companhia na principal categoria do automobilismo mundial também teve espaço na agenda. E quando o projeto foi detalhado, a sustentabilidade foi usada como argumento para a longevidade da iniciativa. A Virgin esteve na Fórmula 1 nesta temporada como patrocinadora da Brawn GP, que surgiu do espólio da Honda e conquistou o título de construtores ? o inglês Jenson Button, com um carro do time, venceu a disputa individual. O rendimento valorizou a escuderia e a afastou da empresa. Posteriormente, a equipe foi comprada pela Mercedes. O término do acordo com a Brawn levou a Virgin a investir na Manor e criar a Virgin Racing, equipe que terá um orçamento de US$ 60 milhões para a próxima temporada. O montante é inferior ao utilizado pela maioria das grandes equipes, e isso faz parte de uma diretriz básica da escuderia novata: a busca pela viabilidade econômica. ?Esse é um plano muito bom porque prepara a equipe para o futuro, quando o budget cap vai ser uma realidade na Fórmula 1. Trabalhamos com um orçamento limitado, mas com pessoas que sempre estiveram na modalidade e já mostraram competência. Estamos pensando no futuro, e para isso precisamos ter uma condição sustentável?, explicou Lucas di Grassi. O principal exemplo do quanto a Virgin Racing tentará enxugar os custos é a preparação do carro. A equipe usa um sistema de testes inteiramente baseado em computadores, similar ao que serviu como base para a Spaceshiptwo, primeira espaçonave comercial da história e outro projeto do grupo. Na sexta-feira, quando anunciou sua participação na Fórmula 1 em 2010 e ainda não havia di vulgado o nome da equipe, Di Grassi mostrou-se receoso quanto à falta de testes com túneis de vento. Menos de uma semana depois, porém, o piloto preferiu lembrar as vantagens comerciais do novo modelo. ?É um simulador muito eficiente, que nos ajudará a preparar o carro e conhecer alguns circuitos em que eu nunca estive. Mas a principal vantagem é que o descarte de peças é zero. A produção de uma quantidade bem menor de resíduos mostra a preocupação com a questão da sustentabilidade?, ponderou o novato. O investimento conservador e a busca por ações sustentáveis não é apenas uma bandeira para a Virgin. Essas são as principais demonstrações do grupo de que o projeto de uma equipe na Fórmula 1 é algo para ser trabalhado em longo prazo. Nesta quinta, Di Grassi revelou que os planos da escuderia são voltados à preparação de um carro capaz de brigar pelas primeiras posições em três ou quatro anos. ?Nós buscamos a montagem de um time que se encaixasse totalmente no budget que foi estabelecido para a temporada. Nosso slogan é um novo time para uma nova era, e para isso é fundamental que levemos a preocupação com recursos e tecnologias para a equipe. Temos US$ 60 milhões e precisamos buscar inovações para aproveitar esse montante da melhor forma possível. É preciso mudar para inovar, e nós não teríamos condições de fazer testes em túnel de vento com esse orçamento?, explicou Alex Tai, CEO da Virgin Racing.