Em agosto deste ano, um acordo com o governo local possibilitou a transmissão do Campeonato Argentino na TV aberta e ampliou as receitas dos clubes com direitos de exibição de suas partidas. Meses depois, porém, o formato demonstra não ter sido uma escolha perfeita. A competição encarou uma fuga de anunciantes e tem dificuldades para vender as cotas que sobraram. Com exceção da primeira rodada, que já havia sido comercializada, e da décima, que inclui o clássico Boca x River, o Campeonato Argentino tem dificuldades para encontrar anunciantes em todas as semanas. O principal entrave para a venda das cotas é justamente a parceria com o governo. A saída encontrada pelo governo foi agir mais uma vez, vendendo a maioria das cotas de publicidade a estatais. Nas 15 primeiras rodadas, os aportes da iniciativa privada não passaram de cinco milhões de pesos (R$ 2,3 milhões). ?Viemos de transmissões de primeiro mundo, impecáveis, profissionais, nas quais todos sabiam o impacto publicitário que se alcançava?, comparou uma fonte não identificada ao jornal argentino ?Clarín?. O segundo de exposição na TV pública custa entre 800 e 1700 pesos (valor atingido apenas no clássico entre Boca e River). Quando comprou os direitos de exibição do campeonato, o governo anunciou que a venda de espaços a empresas nas transmissões seria suficiente para bancar o esforço. Na época, o Campeonato Argentino vivia uma crise em função dos direitos de transmissão. A Associação de Futebol Argentina (AFA) rompeu o contrato com a TSC, emissora que desembolsava 286 milhões de pesos (R$ 135 milhões) anuais pelo torneio e transmitia jogos apenas em sistema de pay-per-view. A pressão da organização por uma majoração nesses valores foi a saída encontrada para amenizar a dívida de US$ 10 milhões (R$ 17,5 milhões) que os clubes tinham com o sindicato de atletas, que chegou a adiar em uma semana o início da competição. O governo paga 600 milhões de pesos (R$ 276,5 milhões) anuais pelos mesmos direitos de transmissão.