Quando a Procter & Gamble divulgou “mero” patrocínio à equipe de Bruno Corano no SuperBike Series, na última sexta-feira (26), deixou implícito o papel que irá desempenhar na propagação da modalidade no Brasil. A empresa, no intuito de consolidar a marca Gillette entre desodorantes, pretende ser a maior difusora desse esporte.
A equipe Gillette SuperBike Team, que irá disputar o principal campeonato nacional de motociclismo nesta temporada, será apenas a primeira propriedade a ser ocupada pela multinacional. A última prova deste ano deverá ser batizada com o nome da marca, bem como toda a competição do ano que vem, futura “Gillette SuperBike”.
Durante a ativação do patrocínio à modalidade, as ações previstas pelo marketing da Gillette preveem levar motocicletas para os pontos-de-venda. “Nossa ideia é levar as motos até consumidores e lojistas, produzir miniaturas delas, para que o patrocínio não fique só no evento”, explica Fernanda Rinaldi, gerente de marketing da Gillette.
O interesse pelo motociclismo surgiu após indicação da Koch Tavares, agência de marketing esportivo que presta serviços para a marca da Procter & Gamble, e a companhia viu no projeto potencial para propagar uma nova linha de produtos. Historicamente próxima às l”minas de barbear, a Gillette quer vender mais desodorantes.
A identidade visual, então, teve de ser remodelada pelo departamento de marketing. A cor azul, típica das l”minas, deu lugar ao laranja. A marca ganhou a presença do símbolo “o/”, que indica alguém com ambos os braços levantados, para indicar a eficácia do desodorante. E o esporte foi designado como plataforma de negócio.
A princípio, dois investimentos irão guiar a presença dos desodorantes da Gillette no esporte. Para ganhar exposição de marca em nível nacional, aporte de R$ 6,5 milhões até dezembro deste ano foi feito ao Flamengo. O motociclismo, por sua vez, terá a função de chamar a atenção do público nos pontos-de-venda.
“Não queremos ter uma marca ligada somente ao futebol; queremos ter uma marca de esportes”, acrescenta Rinaldi, funcionária do marketing que foi incumbida de emplacar a Gillette no mercado de desodorantes. Até novembro deste ano, os resultados de ambos os investimentos serão medidos para determinar o futuro do projeto.
Organizador eufórico
A chegada da Gillette ao motociclismo está deixando extremamente satisfeito um piloto em especial. Bruno Corano, componente da nova equipe Gillette SuperBike Team, é também o principal organizador do SuperBike Series, composto por dois torneios nacionais.
Antes da marca da Procter & Gamble, o atleta já havia conseguido investimentos de outras grandes empresas, mas nenhuma delas havia se comprometido a difundir a modalidade. A maioria, por outro lado, se restringia ao universo das motocicletas.
“A Gillette vai nos colocar em Carrefour e Pão de Açucar, com merchandising para tudo que é lado, com Rodrigo Faro fazendo publicidade nas provas e nos pontos-de-venda, então tudo vai muito além da grana que eles pagam”, festeja Corano.
Para atrair a atenção da companhia e da Koch Tavares, o piloto teve de deixar de certo modo o lado esportivo de lado para se concentrar na área de negócios. “Eles não querem pole position, e sim saber se vou ajudar a vender mais desodorantes”, diz.
O discurso afinado com os objetivos da Gillette no esporte, de fato, fez com que Corano conseguisse fechar negócio. Antonio Torello, diretor de relações com o mercado da Koch Tavares, admitiu que a visão do piloto foi o diferencial visto no motociclismo.
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