Em agosto do ano passado, a Máquina do Esporte revelou que a Lazio havia acabado de fechar um patrocínio máster com a casa de apostas on-line Marathonbet. O contrato, no entanto, era até 31 de dezembro, ou seja, com pouco mais de quatro meses de duração e apenas até o meio da temporada. O motivo: o governo italiano.
Anunciada pouco antes, em julho, uma regra imposta pelo governo deixou os clubes italianos bastante aflitos. Pela nova lei, a publicidade de empresas do ramo de apostas seria proibida em todo o país a partir de 1o de janeiro deste ano. A proibição se aplica a todos os produtos e serviços relacionados a jogos de azar em todas as plataformas de mídia, incluindo televisão, rádio e internet, assim como os espaços destinados a patrocinadores nos uniformes dos clubes esportivos.
No entanto, passaram-se 15 dias desde a data estipulada e nada mudou. Mas, nesta terça-feira (15), veio a explicação. De acordo com o Comitê de Regulamentação de Comunicações da Itália (AGCOM), as parcerias entre clubes de futebol do país e empresas relacionadas a jogos de azar terão permissão para continuar até julho, ou seja, logo após o final da atual temporada.
De acordo com a imprensa italiana, a decisão se deve principalmente a pedidos insistentes de diversos donos de clubes do país, que teriam que cancelar contratos em vigência. Quando o decreto foi anunciado, a própria Lega Serie A expressou “extrema preocupação” com a questão. Preocupação, aliás, que, mesmo com a divulgação do adiamento da proibição, continua.
Isso porque, atualmente, mais da metade dos times que disputam a Serie A possuem acordos de patrocínio com empresas do setor. Estima-se que a proibição pode representar uma perda de € 700 milhões para os cofres. Além disso, haverá muito time que ficará sem boa parte da receita que entra com patrocínio e ainda não sabe o que fazer para compensar o déficit financeiro que a nova regra vai acarretar.
Em comunicado, a liga chegou a apelar para a disparidade que haverá entre o futebol italiano e o de outros países europeus, com “desvantagens competitivas para os clubes de futebol italianos, desviando para o exterior os orçamentos de publicidade destinados a times do país”.
Os próprios operadores da indústria dos jogos de azar também lançaram críticas à nova regra, alertando que os preços podem subir e que o setor de apostas ilegais pode se beneficiar com isso. Em uma carta aberta escrita a Luigi Di Maio, vice-primeiro-ministro do governo e autor dos decretos, a LeoVegas, operadora de jogos de azar licenciada pela Itália, acrescentou que a proibição não conseguiria uma redução significativa na atividade de jogos de azar. Em vez disso, “levaria a um aumento na publicidade de operadores de jogos de azar que não detêm licenças italianas”.
O que vai acontecer quando o prazo do adiamento acabar em julho ainda não se sabe. No entanto, diversos clubes ganharam um tempo extra para “respirar”. O que eles também não sabem é se terão oxigênio a partir de agosto.