Para a viabilização do Torcida Legal, projeto criado para a Copa do Mundo de 2014 que prevê o cadastramento de 475 torcidas organizadas, o governo federal repassou ao Sindicato das Associações de Futebol (Sindafebol) R$ 6,2 milhões em abril deste ano. O negócio, entretanto, mesmo com verba disponível, ainda não saiu do papel.
De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, a entidade, presidida pelo ex-presidente do Palmeiras Mustafá Contursi, assinou convênio com o governo em 31 de dezembro de 2010, responsabilizando-se pelo projeto. Em 11 de abril deste ano, o dinheiro foi depositado de uma vez só, mas nenhuma ação foi tomada pelo Sindafebol.
“Dissemos ao ministério que nunca tínhamos feito isso”, defendeu-se o mandatário do órgão. “O sindicato não tinha experiência e se colocou à disposição do ministério”, disse, na tentativa de justificar a ausência de execução do projeto. Contursi, agora, admite que o contrato pode ser “reavaliado”, contrariando o discurso do governo.
O responsável pela escolha, sem licitação, da Sindafebol para assumir o Torcida Legal foi Alcino Reis, assessor especial do Ministério do Esporte e próximo do ministro Orlando Silva (PC do B). Waldemar Manoel Silva de Souza, secretário executivo da pasta, também assinou o documento que cedeu ao sindicato essa responsabilidade.
O processo previa a subcontratação de empresas terceirizadas para desenvolver o software necessário para o projeto. O sindicato informou ao jornal que havia firmado parceria com a Mowa Sports, no valor de R$ 3,3 milhões, mas a empresa rebateu negando a existência de qualquer acordo. As conversas, segundo ela, findaram há meses.
Oito meses depois de assumir a responsabilidade pelo Torcida Legal e quatro meses após receber os R$ 6,2 milhões, o Sindafebol não sabe mais se terá condições de viabilizar o projeto, algo que atrasaria ou exterminaria a ideia do governo federal. “Estamos avaliando nossa capacidade operacional”, disse o ex-presidente palmeirense.