Depois de uma série de informações desencontradas sobre a possibilidade de extinção do futebol do Guarani, o clube tenta manter a serenidade para conter a crise e fugir da falência. A primeira estratégia será pedir a ajuda dos torcedores em ação indefinida a ser lançada ainda na semana que vem.
A iniciativa é guardada a sete-chaves pela direção bugrina, que sequer revela se a ação já está formatada. No entanto, em plena UTI financeira, o clube vê nos 700 sócios adimplentes e no contingente de 650 mil torcedores, segundo dados do Guarani, o passo inicial para sanar as dívidas e manter-se em atividade.
“Nossa situação é delicada, mas sob controle. Essa história de acabar, fechar as portas, isso nunca acontecerá. Essa campanha vai nos blindar contra essa possibilidade”, afirmou Anaílson Neves, diretor comercial do clube, à Máquina do Esporte.
O dirigente tenta apaziguar os ânimos exaltados desde que a notícia do encerramento das atividades do clube veio à tona nesta semana. Fala, inclusive, em novos patrocinadores já acertados verbalmente para depois da resolução do imbróglio jurídico em que o time de Campinas está envolvido.
Oficialmente, Neves afirma que o valor em execução é de R$ 75 milhões entre dívidas trabalhistas e outras ações. Outros R$ 40 milhões aguardam decisão judicial. Apesar disso, o representante do Guarani garantiu que as contas do futebol profissional estão em dia. O que pesa são as despesas cotidianas.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes de Campinas, o presidente Horley Senna confirmou que o caos econômico atinge principalmente o entorno do futebol.
“São as despesas mensais do cotidiano do Guarani. Tem categoria de base, funcionários e etc. É feio, é chato falar isso, mas é a realidade. No ano passado, quando assumimos, pagamos oito meses e o 13º de todos os funcionários e começamos o ano com uma situação calma para montar o time da Série A2. Não conseguimos o acesso, mas mantemos as coisas em ordem. A decisão recente da justiça de colocar os patrocinadores no passivo complicou tudo”, disse o mandatário.
O Guarani tem oito parceiros comerciais, quatro com as marcas expostas na camisa do time e mais quatro em outras propriedades. A Justiça do Trabalho, contudo, entendeu que os patrocinadores são responsáveis passivos pela dívida do clube durante o processo de leilão do Brinco de Ouro.
O estádio foi arrematado pela Maxion Empreendimentos Imobiliários, empresa de Porto Alegre (RS), por R$ 105 milhões, mas o imbróglio jurídico ainda está longe de chegar ao final. A juíza Ana Cláudia Torres Vianna, responsável pelo caso, foi afastada pelo Ministério Público do Trabalho, travando a negociação.
O Guarani hoje figura na Série A1 do Paulistão e na Série C do Brasileirão. O clube tem como principais façanhas o título do Campeonato Brasileiro de 1978 e vice-campeonato nacional em 1986 e 1987 (em decisão controvertida contra o Sport).