As conversas entre Adidas e Flamengo, existentes desde o fim do ano passado e que resultaram em uma proposta de R$ 350 milhões em um contrato de dez anos, a ser iniciado a partir de 1º de janeiro de 2015, têm um intermediário experiente. Carlos Peixoto, ex-diretor de futebol e atualmente conselheiro do time rubro-negro, foi o responsável por aproximar a Ambev da seleção brasileira.
Em meados de 2001, a companhia de bebidas conseguiu tirar a Coca-Cola da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e selar uma parceria que perdura até hoje, mais de dez anos depois. À época, o negócio foi costurado por Peixoto, que se valeu da proximidade que tinha com o então presidente da entidade, Ricardo Teixeira, para convencê-lo a trocar a marca de refrigerantes pela concorrente.
No Flamengo, o cartola foi o responsável por colocar Harrison Baptista no cargo de diretor de marketing. A relação começou quando ele fez negócios com a Texaco, rede de postos de combustível pertencente à Chevron, que tinha Baptista como um dos funcionários do marketing. Ali também nasceu a relação com Ronaldinho Gaúcho, patrocinado pela marca na época e posteriormente atleta do Flamengo.
Desde novembro do ano passado, quando a Máquina do Esporte noticiou sobre os planos da Adidas para o clube carioca, a reportagem mantém contato com o conselheiro flamenguista. Ele insiste em negar qualquer envolvimento dele ou de Baptista com a investida dos alemães. “Não tenho nada a ver com isso”, garantiu na tarde da última terça-feira. “Aquilo foi diretamente com a Adidas global”.
Mas Peixoto admitiu, em versões dadas anteriormente, saber do negócio com detalhes, a ponto de estar presente em reunião feita em 24 de outubro de 2011 para tratar do interesse da fabricante estrangeira, junto com Patrícia Amorim, presidente do clube; Hélio Ferraz, vice-presidente geral; Fernando Sihman, marido de Patrícia; Harrison Baptista, então na Traffic; e os executivos vindos da Alemanha.
“Eles tinham interesse, queriam saber do contrato do Flamengo com a Vulcabras, mas quando viram que a multa era tão alta não quiseram mais. Eu conhecia o presidente da Adidas na América Latina, um alemão chamado Charlie, que deixou a presidência para comandar outra empresa. Aí não soube mais de nada”, disse Peixoto à reportagem no início deste ano, claramente informado sobre detalhes.
O nome citado pelo cartola é Karl-Heinz “Charlie” Maurath, nomeado presidente da Under Armour em abril deste ano pelo fundador da empresa, Kevin Plank, cuja atividade começará em setembro deste ano. Foi por meio dele que o flamenguista conseguiu acesso aos executivos da Adidas na Alemanha. A filial brasileira da companhia, comandada pelo argentino Fernando Basualdo, não sabia de nada.
A rede de contatos de Peixoto se estende a outros clubes e empresas ligadas ao esporte. Um deles é Sandro Rosell, ex-executivo da Nike no Brasil e atual presidente do Barcelona. Em maio de 2011, por exemplo, ambos foram fotografados pela imprensa antes da decisão da Liga dos Campeões da Uefa, que o time catalão viria a vencer. Rosell posou com foto do Flamengo em mãos, ao lado do amigo.
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