A Nike parece não conseguir se livrar de polêmicas. Na semana em que a companhia anunciou a saída de seu CEO, Mark Parker, envolvido no escândalo que baniu do atletismo o treinador Alberto Salazar por doping, a empresa enfrenta agora outra acusação: a de que seus dois principais calçados para correr, Vaporfly 4% e Vaporfly Next%, causariam um “doping tecnológico”.
Desde 2016, quando os modelos foram lançados, os atletas patrocinados pela Nike começaram a se destacar ainda mais na corrida. Em 13 meses, cinco recordes da Maratona foram quebrados por atletas vestindo esses calçados.
A supremacia dos atletas da Nike chamou a atenção dos concorrentes. Muitos pediram à Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) que investigasse se a tecnologia usada no calçado não estaria melhorando a performance. Ao “The Times”, a entidade confirmou que criou um grupo de trabalho para analisar o caso.
Pelo regulamento da Iaaf, os calçados não podem dar uma “vantagem injusta” aos atletas. A entidade, porém, não especifica como isso poderia acontecer.
Eliud Kipchoge e o tênis com o qual se tornou o primeiro homem a correr uma Maratona abaixo de 2h (Foto: Divulgação / Nike)
A discussão ganhou ainda mais atenção após Eliud Kipchoge ser o primeiro homem a correr uma Maratona abaixo de 2h, em evento realizado em Viena, na Áustria, no último dia 12 de outubro. Para quebrar a barreira, o queniano usou um protótipo de um modelo turbinado do Vaporfly, que tinha ainda mais elementos tecnológicos na entressola.
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Nesta semana, o Jornal Britânico de Medicina no Esporte colocou mais lenha na discussão ao propor um limite de tamanho de entressola para o tênis usado pelos atletas. O Vaporfly tem 36mm. A sugestão do estudo é de que deixar o espaço em 31mm eliminaria a vantagem competitiva do tênis e reduziria os recordes da Nike.
O caso é muito similar ao que a fabricantes de maiôs Arena viveu no mercado da natação em 2008. A empresa lançou um modelo revolucionário que reduzia o atrito do atleta com a água e, assim, baixava substancialmente os tempos. A quebra de sucessivos recordes levou a Federação Internacional de Natação (Fina) a banir o modelo das águas.