Entre os 12 projetos de arenas brasileiras para a Copa do Mundo de 2014, só um não pretende utilizar recursos públicos ou tomar empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A única reforma que projeta uso exclusivo de recursos privados é a do Beira-Rio, estádio do Internacional-RS, em Porto Alegre. Isso não significa, porém, que as intervenções serão conduzidas com autonomia total. O clube ainda espera uma linha especial de impostos e admite que isso atrasará o início das obras. Autoridades que fazem parte do comitê organizador da Copa do Mundo de 2014 estipularam o dia 1º de março deste ano como data limite para o início de obras em estádios. Esse prazo aparece em termos de responsabilidade publicados no site do Ministério do Esporte, assinados por representantes da pasta, de autoridades locais (governo e prefeitura) e do clube detentor da arena. Apenas as cidades com arenas privadas têm esse documento no portal. Porto Alegre faz parte da minoria que apresentou termo de responsabilidade, mas isso não quer dizer que o prazo do documento assinado será cumprido. A não ser que o governo federal lance antes de 1º de março um pacote especial de impostos para a Copa do Mundo de 2014. ?Eu não quero financiamento ou condições especiais do BNDES. Eu quero isenção de impostos. Não vou iniciar as obras enquanto isso não for definido. Temos de investir, mas tem de haver contribuição do governo. Eles têm de entender que não foi o Inter que se candidatou a receber a Copa?, disse Emídio Marques Ferreira, vice-presidente de patrimônio do clube gaúcho. A reforma no Beira-Rio tem previsão de gastos de R$ 130 milhões. Ao contrário de Curitiba e São Paulo, outras cidades com arenas privadas, o Internacional se propôs a custear todas as intervenções sem ajuda do BNDES. O banco criará linhas especiais, mas fará empréstimos em condições próximas às do mercado para não configurar uso de verba pública. ?Quando a economia necessitou, o governo reduziu o IPI do setor automotivo. Esperamos que a Copa do Mundo tenha o mesmo tratamento?, afirmou Marques Ferreira, que rechaçou atraso também na entrega das obras: ?Nós estamos tranquilos. Vamos demorar um pouco mais porque usaremos recursos próprios e estamos disputando competições no momento, mas nossa arena está muito bem preparada e demanda poucas intervenções?. O problema do Internacional é que Atlético-PR e São Paulo não encampam sua briga por um pacote especial de impostos. Os clubes pretendem tomar dinheiro do BNDES (R$ 25 milhões e R$ 150 milhões, respectivamente) para as obras nos estádios ? o financiamento só não foi fechado até o momento por detalhes relacionados à instituição bancária que servirá como repassadora. O BNDES ainda fornecerá empréstimos aos outros projetos da Copa do Mundo. Entretanto, o tomador nos outros casos é o poder público. No total, o banco investirá R$ 3,427 bilhões dos R$ 5,342 bilhões previstos para reformas de arenas ? em 2007, quando o país ganhou a concorrência para sediar o torneio, a ideia era gastar R$ 2 bilhões. Ainda existe um aporte superior a R$ 1,5 bilhão que será feito pelos governos locais. O principal exemplo é o projeto de Brasília, que será dividido entre R$ 345 milhões do poder público regional e outros R$ 400 milhões obtidos via BNDES.