Fazer o faturamento saltar dos R$ 200 milhões registrados no balanço anual de 2010 para R$ 400 milhões em 2019. Essa é a meta traçada pelo Internacional para esta década, e tamanha estimativa de crescimento é baseada em várias razões: crescimento da economia brasileira, expansão de licenciamentos e associados e renegociação de patrocínios e cotas de televisão.
O quadro social é a principal aposta. A tentativa de dobrar o número de sócios-torcedores dos atuais 106 mil para 200 mil até 2015, algo que colocaria o time colorado como segundo maior do planeta nesse quesito, seria suficiente para fazer aumentar a receita de R$ 40 milhões para R$ 80 milhões.
“A ideia é trabalhar no licenciamento de produtos, na internacionalização do clube, na penetração em novos mercados, como China, Oriente Médio, a criação de escolinhas de futebol em outros países”, explica Jorge Avancini, diretor de marketing colorado. “Com tudo isso, mais o crescimento das verbas de TV e patrocínio, com mais formação de atletas, é uma meta possível”.
Toda a perspectiva montada pelo dirigente, no entanto, irá depender também de fatores muito mais amplos do que o futebol. Hoje, o Brasil vive momento de euforia na área esportiva, sobretudo, pois irá sediar Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olímpicos em 2016. Mas a permanência de empresas após esse período é uma incógnita.
“Do jeito que está a economia do Brasil, não acredito no pessimismo daqueles que dizem que o marketing esportivo irá morrer depois da Copa”, antecipa-se o diretor de marketing. “Se continuarmos crescendo como nos últimos anos, com melhoria da renda da população, das classes C, D e E, o futebol continuará em alta”.
Por outro lado, a economia europeia é mais um enigma que pode transformar o planejamento gaúcho até 2019. A venda de atletas para clubes do velho continente sempre foi, principalmente para o Internacional, uma das maiores fontes de dinheiro. A crise econômica vivida pela Europa nos últimos anos, no entanto, fez diminuir a quantidade de jogadores comprados, e mesmo economistas não sabem prever até quando ela irá perdurar.
Em termos de direitos de transmissão, os gaúchos assinaram contrato com a Rede Globo válido até 2015, e portanto qualquer ajuste será feito somente após essa data. A modernização do estádio Beira-Rio, por outro lado, tampouco irá inflar a renda em curto prazo, pois a construtora Andrade Gutierrez terá direito às receitas comerciais por 20 anos.
Esse cenário deixa ao Internacional a área de licenciamentos como aquela que deverá ter maior crescimento até 2019. “É o único lugar que não tem limite para crescer”, analisa Avancini. “Já recebemos R$ 7 milhões, e se considerarmos que o torcedor gaúcho é um dos que mais consome, que temos um tíquete médio muito alto, freqüência de retorno à loja de 15 dias, compete a nós fazer essa área crescer”.