O estádio Brinco de Ouro, do Guarani, foi arrematado pela Maxion Empreendimentos Imobiliários, empresa de Porto Alegre (RS), por R$ 105 milhões, mas o imbróglio jurídico ainda está longe de chegar ao final.
O clube de Campinas não aceita o valor que foi acordado pela juíza Ana Claudia Torres Vianna, da 6ª Vara do Trabalho, responsável pelo caso, com o advogado da construtora, Darcio Vieira Marques.
Inicialmente, a juíza havia afirmado que não aceitaria valor inferior a R$ 126 milhões, mas acabou aceitando a oferta da empreendedora imobiliária, que ofereceu cerca de R$ 31,5 milhões à vista e mais 12 parcelas de R$ 6,1 milhões.
“Na avaliação do Guarani, o estádio hoje vale R$ 350 milhões. Não aceitamos vender por menos. Com esse valor [R$ 105 milhões] não conseguiremos nem saldar nossas dívidas”, afirmou Palmeiron Mendes, presidente do Conselho Fiscal do clube campineiro, que espera pagar as dívidas e construir uma nova arena com o montante da arrecadação com a venda.
O terreno do Brinco de Ouro está penhorado desde 2011 por dívidas trabalhistas. A área de 80 mil metros quadrados está localizada em uma região nobre de Campinas, o Jardim Proença. A venda do estádio é o grande trunfo da atual diretoria para saldar as dívidas. Segundo o presidente do clube, Horley Senna, os débitos, entre fiscais, trabalhistas, tributários e outros, atingem um montante de R$ 240 milhões.
“Estamos hoje começando a tocar a parte jurídica para pedir o embargo de arrematação na Justiça do Trabalho”, contou Senna à Máquina do Esporte, sem descartar um acordo com a construtora.
“Estamos abertos ao diálogo, e vamos tentar marcar uma reunião com eles [Maxion Empreendimentos Imobiliários]. Queremos um valor de pelo menos R$ 350 milhões para o pagamento das dívidas e a construção de uma nova arena, um centro de treinamento e o clube social”, afirmou o presidente do clube.
O clube hoje conta com uma área de 320.000 m2 na rodovia dos Bandeirantes. Desse terreno, apenas 50.000 m2 estão disponíveis para a construção, já que o restante do solo é área de preservação ambiental.
“Essa empresa está começando a investir em Campinas e não conhece a história do Guarani. Acho que eles não vão querer bater de frente com a torcida do Guarani, que é 70% da cidade”, afirmou Horley.
Afundado em dívidas, o Guarani hoje figura na Série A1 do Paulistão e na Série C do Brasileirão. O clube tem como principais façanhas o título do Campeonato Brasileiro de 1978 e vice-campeonato nacional em 1986 e 1987 (em decisão controvertida contra o Sport).
Procurado pela Máquina do Esporte, Darcio Vieira Marques, advogado da construtora, não retornou as ligações.