Manaus, Cuiabá e Natal são três cidades que, ainda antes de serem confirmadas como sedes da Copa do Mundo de 2014, eram contestadas por não terem um futebol local que compense os investimentos milionários feitos na construção de estádios. Um dos principais argumentos dos políticos que defendiam as presenças delas na competição, senão o principal, era de que o turismo gerado seria suficiente para a conta valer a pena. Agora, com a Copa já em andamento, o Ministério do Turismo mostra que essas cidades estão entre as menos beneficiadas.
O órgão federal estimou que Natal vai receber 27 mil estrangeiros e 144 mil turistas brasileiros, os quais gastarão cerca de R$ 311 milhões durante o período da Copa. Este valor representa 4,66% dos R$ 6,7 bilhões que o Ministério calcula que serão injetados nas economias das cidades. São exatamente os mesmos números de Cuiabá. Já Manaus terá 28 mil estrangeiros e 147 mil brasileiros a passeio que gastarão R$ 318 milhões, equivalentes a 4,77% do total.
Só Curitiba, com R$ 297 milhões estimados vindos de 26 mil estrangeiros e 137 mil brasileiros, fica abaixo das três cidades na projeção feita pelo Ministério do Turismo. Como a Arena da Baixada é um estádio privado, de posse do Atlético-PR, o futuro do estádio, e portanto a lógica de estar entre os escolhidos para sediar a Copa, não costuma ser questionado.
Na outra ponta, entre as cidades que receberão a maior fatia do dinheiro dos turistas, está o Rio de Janeiro, com R$ 1 bilhão, ou 14,97%. Brasília, cujo futuro também está em xeque, aparece em segundo, com possíveis R$ 887 milhões colocados na economia local, equivalentes a 13,27%.
Para que se tenha uma dimensão do quanto este dinheiro injetado por turistas nas cidades-sede representa na economia do município, a Máquina do Esporte cruzou os dados calculados pelo Ministério do Turismo com os produtos internos brutos (PIBs) de cada cidade em 2011, o mais recente possível, fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por este ponto de vista, como têm economias mais fracas do que as demais capitais, Cuiabá e Natal têm os melhores “aproveitamentos” do turismo em relação a toda a economia da cidade.
Cidade-sede | Estrangeiros | Brasileiros | Gastos no Brasil | Participação | PIB (2011) | Participação no PIB |
Rio de Janeiro | 89.846 | 464.203 | R$ 1 bilhão | 14,97% | R$ 209 bilhões | 0,48% |
Brasília | 79.610 | 411.319 | R$ 887 milhões | 13,27% | R$ 164 bilhões | 0,54% |
Fortaleza | 65.313 | 337.449 | R$ 728 milhões | 10,89% | R$ 42 bilhões | 1,73% |
São Paulo | 63.362 | 327.375 | R$ 706 milhões | 10,56% | R$ 477 bilhões | 0,15% |
Belo Horizonte | 62.388 | 322.340 | R$ 695 milhões | 10,40% | R$ 54 bilhões | 1,26% |
Salvador | 48.741 | 251.828 | R$ 543 milhões | 8,12% | R$ 38 bilhões | 1,40% |
Porto Alegre | 42.242 | 218.251 | R$ 470 milhões |
7,04% |
R$ 45 bilhões | 1,04% |
Recife | 37.368 | 193.068 | R$ 416 milhões | 6,23% | R$ 33 bilhões | 1,26% |
Manaus | 28.595 | 147.739 | R$ 318 milhões | 4,77% | R$ 51 bilhões | 0,62% |
Cuiabá | 27.945 | 144.381 | R$ 311 milhões | 4,66% | R$ 12 bilhões | 2,51% |
Natal | 27.945 | 144.381 | R$ 311 milhões | 4,66% | R$ 12 bilhões | 2,54% |
Curitiba | 26.645 | 137.666 | R$ 297 milhões | 4,44% | R$ 58 bilhões | 0,51% |
Fontes: Ministério do Turismo e IBGE |