O brasileiro Hiago Pereira Garcia, 20, suspenso quatro anos por doping, quebrou o silêncio. Em entrevista à Máquina do Esporte, o marchador diz que acredita ter sido vítima de sabotagem durante o Campeonato Nacional Universitário da Rússia, quando venceu a marcha de 5 km, em julho de 2015.
O exame de urina de Hiago detectou a presença de fenoterol (broncodilatador) e peroxisome, ambas proibidas pela Wada (Agência Mundial Antidoping). “Cheguei à conclusão que fui sabotado nessa competição, na qual fui testado positivo”, contou o brasileiro.
“Essas substâncias encontradas nas minhas amostras devem ter entrado por algo que bebi ou comi despercebido. Pesquisei essas substâncias e vi que as duas são ingeridas por via oral. Acredito que isso foi feito antes ou depois da prova”, acrescentou o atleta.
O brasileiro competiu pela manhã, mas só fez o controle antidoping no final da tarde. “Como não tenho como comprovar isso, aceitei a suspensão”, conforma-se o marchador, radicado há três anos na Rússia.
Pela regra básica do antidoping (“strict liability”), o atleta é responsável por tudo aquilo que for encontrado em seu corpo. “Meus treinadores ficaram em choque quando receberam a notícia. Eles acreditam na minha verdade. Minha carreira esportiva não acabou por aqui. Mostrarei que tudo o que fiz foi sempre resultado de bastante treino e esforço. Quem me conhece tanto na Rússia como no Brasil sabe que jamais faria isso”, argumenta Hiago.
O julgamento do brasileiro ocorreu na Rússia pelo fato de seu exame ter sido pedido pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) e Wada. Meses depois do controle, a Rússia e Iaaf mergulharam em um grande escândalo de acobertamento de resultados positivos. O caso de Hiago, porém, já havia sido encerrado.