As obras de estádios e infraestrutura podem dominar o noticiário sobre a preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, mas não são as únicas oportunidades de negócio que empresas estão vislumbrando nos megaeventos que serão realizados no país. A agenda esportiva dos próximos anos motivou uma união entre as consultorias Dream Factory e TSE, que querem desenvolver planos de negócios específicos para as cidades.
Inicialmente, as empresas estão conversando com cidades que farão parte dos eventos que terão o Brasil como sede. A ideia é oferecer análises internas e de mercado, e com base nesses dados montar planos para que as regiões aproveitem comercialmente a presença das competições.
“Nosso objetivo é ajudar as cidades a pensar no pós-Copa e no pós-Jogos. Isso passa por uma compreensão de quais são as vocações de cada local – Porto Alegre, por exemplo, tem um perfil bem diferente de Fortaleza. Faremos análises profundas das características, limitações e gargalos. A partir disso, podemos definir um posicionamento e dizer que tipo de eventos as cidades podem receber”, explicou Duda Magalhães, diretor-geral da Dream Factory.
Os responsáveis pelas duas consultorias já visitaram ao menos sete cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014. No entanto, o plano também servirá para locais que tiverem intenção de aproveitar a proximidade geográfica dos megaeventos esportivos.
“Estamos falando de criar um real legado, que é uma palavra muito usada. O legado não pode ser apenas um estádio bonito e uma rua asfaltada no entorno, e as cidades não podem parar para pensar nisso no segundo semestre de 2014”, completou Magalhães.
A meta da joint venture entre as consultorias é ter ao menos um cliente fechado até o fim deste ano. Para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, as empresas admitem chegar a até três projetos concomitantes, desde que sejam em regiões com perfis diferentes e que não briguem pelo mesmo tipo de evento no futuro.
A partir da contratação, as empresas preveem um período de 12 meses para análise da cidade e mapeamento do mercado. Esse diagnóstico será feito em parceria com o poder público local.
Nessa fase também será definido o investimento que a cidade fará para ter um calendário de eventos depois da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Trata-se de um nicho novo para o braço de consultoria da Dream Factory, agência que tem larga expertise no segmento de eventos. A TSE Consulting, fundada em 2002, já prestou auxílio anteriormente a cidades envolvidas com eventos esportivos. Contudo, nunca havia atuado no mercado brasileiro.
“Muitas das cidades sul-africanas da Copa do Mundo de 2010 não aproveitaram totalmente o potencial do evento. A principal razão é que as cidades estavam mais preocupadas com estádios e com a Copa do Mundo – elas não encontraram tempo e recursos para se planejar para o pós-evento. Quando a Copa do Mundo acabou elas começaram a pensar em como aproveitar o clima criado, mas a atenção do mundo já havia se transferido para outros lugares. Um ano depois, poucas pessoas conseguem lembrar de mais do que uma ou duas cidades”, lembrou Lars Haue-Pedersen, diretor-geral da TSE.
A proposta das consultorias é oferecer negócios até para o período dos megaeventos. Elas querem ajudar cidades a receber o time de basquete dos Estados Unidos antes dos Jogos Olímpicos de 2016, por exemplo. E é claro, lucrar com a presença da equipe na região.
“É só uma questão de quem sabe o que quer, quem sabe o que precisa ser feito para se promover internacionalmente e quem vai fazer isso antes que os eventos de fato aconteçam”, disse Haue-Pedersen.