Um triunfo da emoção sobre a razão. Esse é o resumo do que a mídia espanhola concluiu sobre a vitória do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, na briga para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Depois de Chicago e Tóquio terem sido eliminadas, a cidade brasileira bateu Madri por 66 a 32 na competição final. ?Madri tem melhores hotéis, melhor infraestrutura, melhor transporte e 77% das instalações concluídas. Como explicou o governo, isso é algo muito positivo em plena crise econômica mundial?, disse o jornal ?La Semana?, que apontou como principais vantagens do Rio de Janeiro os fatos de as Olimpíadas de 2012 serem na Europa e de a América do Sul nunca ter recebido o evento. O jornal ?Marca? adotou discurso semelhante, lembrando que a candidatura de Madri era a mais estruturada e que o Rio de Janeiro era a cidade com maior necessidade de intervenções para revitalizar seus equipamentos esportivos e sociais. O texto do ?Marca? lembra ainda que Madri foi a cidade mais votada na primeira eleição, na qual Chicago foi descartada. ?Os brasileiros eram os grandes favoritos e confirmaram sua condição. Nas votações, pesou muito o rodízio de continentes, algo que os brasileiros exploraram à exaustão, denunciando que a América do Sul era o único continente em que nunca haviam sido realizados os Jogos Olímpicos?, disse o jornal. Em diferentes formatos, a linha de pensamento foi repercutida por praticamente toda a grande imprensa espanhola: Madri tinha uma candidatura mais pronta e uma cidade mais preparada do que o Rio, mas o fator político e o rodízio de continentes tiveram peso determinante na decisão. A única reportagem de grandes veículos da Espanha que adotou um tom diferente foi a do ?El País?. O diário considerou uma surpresa a chegada de Madri até a última eliminatória, e usou o crescimento da economia brasileira para justificar a eleição do COI. ?O esforço diplomático [de Madri] dos últimos dias não frutificou, e o Rio venceu na última curva. Os brasileiros tiraram petróleo de suas bases: o esquecimento olímpico da América do Sul e a estabilidade econômica do país”, apontou o jornal.