O principal argumento da Globo pela manutenção do horário das 22 horas para o futebol é a alta audiência da novela das 21 horas, índice que a emissora nunca quis colocar em risco. Mas, na última quarta-feira, a justificativa perdeu um pouco de sua força, ainda que a conjuntura fosse bastante específica.
A seleção brasileira entrou em campo na quarta-feira para enfrentar a Colômbia, pela Copa América, às 21 horas. Para exibir a partida, a Globo encurtou o Jornal Nacional e a novela Babilônia. Após ver a audiência, certamente a emissora não lamentou a manobra: foram 27,5 pontos de média.
Normalmente, esse número não faria frente à novela, mas esse não é o caso da atual teledramaturgia das 21 horas. O problema é que “Babilônia” tem fracassado no Ibope. Até o momento, a média tem sido de 25 pontos, muito abaixo do histórico do horário.
A verdade é que as novelas das 21 horas já têm enfrentado um processo de decadência no Ibope. “Império” terminou com 32,8 pontos de média; antes, “Em Família” ficou com 29,7. Foram os piores índices da história da Globo para o horário.
O futebol da seleção brasileira ficou acima de Babilônia, mas a diferença é imprecisa. O jogo terminou apenas às 23 horas, uma hora após o término usual da novela. Como a tendência é de diminuição do Ibope ao longo da noite, a distância pode ser considerada ainda maior.
Ainda assim, é necessário lembrar que, além da situação delicada de Babilônia, a seleção brasileira atrai mais telespectadores do que os clubes. Na última semana, o fraco amistoso entre Brasil e Honduras, às 22 horas de quarta-feira, atraiu uma audiência de 25 pontos. Neste ano, apenas três jogos da Libertadores e um clássico no Campeonato Paulista passaram dessa marca no mesmo horário.
Cada ponto no Ibope equivale a 67.113 domicílios sintonizados na região metropolitana de São Paulo, referência para o mercado publicitário.