A polêmica nomeação de Gala León como nova capitã da equipe espanhola na Copa Davis ganhou mais um round com a discussão ao vivo entre a ex-tenista e Toni Nadal, tio e treinador de Rafael Nadal, número 2 do mundo.
“Tenho direito de achar que existem ex-jogadores mais capacitados do que você para assumir esse posto”, disse em programa da emissora espanhola Cadena Ser.
“É seu ponto de vista. Não quero polemizar”, esquivou-se a ex-tenista, que teve um 29º lugar como melhor posição no ranking.
A equipe, cinco vezes campeã da Davis nos últimos 15 anos, foi rebaixada do Grupo Mundial ao perder para o Brasil, há duas semanas. Foi a primeira queda da Espanha desde 1995.
“Não conheço a Gala. Tomaram essa decisão e eu respeito”, disse Rafael Nadal, ficando em cima do muro, no que não foi acompanhado por seus pares.
“O problema é que ela não conhece nenhum dos jogadores e não nos pediram opinião”, reclamou Feliciano López, ressaltando que não se incomoda em ter uma mulher na função.
Muitos questionam a nomeação de Gala León, que seria de forma prematura, já que o próximo compromisso da equipe será só em julho de 2015, contra o vencedor do confronto entre Rússia e Dinamarca.
Toni Nadal foi o mais polêmico em suas considerações. “Há uma dificuldade logística, porque a equipe da Davis passa muito tempo no vestiário, com pouca roupa. Com uma mulher, não deixa de ser estranho”, criticou, em entrevista ao diário “El Pais”. Toni defendeu que o posto fosse ocupado por Juan Carlos Ferrero ou outro ex-tenista. “Gosto das coisas mais simples possíveis, e acredito que seja mais fácil que o capitão seja homem.”
“Quando for ao vestiário, baterei na porta antes”, ironizou Gala León.
A nomeação de Gala León não é inédita na Copa Davis, mas bastante rara. Apenas Moldávia, San Marino, Síria e Panamá já tiveram capitãs em suas equipes. Nenhum desses times, porém, possui a importância da Espanha.
A bronca geral dos jogadores não encontra eco na Fed Cup. Mico Margets ficou quase 20 anos no comando da Espanha na versão feminina da Davis.
Inconformados em serem comandados por uma mulher, os atletas acreditam que a Real Federação Espanhola de Tênis ainda possa reconsiderar a decisão.
“Pegar esse cargo agora, quando houve o rebaixamento, é complicado. Não é por ser contra ela, mas sempre que puder, o capitão deve ser um homem”, defendeu Fernando Verdasco, para em seguida se corrigir. “Não duvido que [ela] possa fazer um grande trabalho e subir a equipe.”
“Nós jogadores temos que aceitar, estar unidos, jogar, ganhar e subir para o Grupo Mundial. Não é nada grave. Não é imprescindível que ela esteja onde você toma banho”, brincou Marc López, em resposta a Toni Nadal.
“Será um pouco diferente, mas não acredito que influa no trabalho o fato de ela estar ou não o tempo todo ali”, acrescentou o duplista.
A manifestação mais simpática aconteceu a quase 2.500 quilômetros dali. Andy Murray, número 11 do ranking mundial, felicitou Gala León pelo novo desafio através de sua conta no Twitter. O escocês é treinado pela francesa Amèlie Mauresmo e deve à mãe, Judith, a formação no esporte.