O projeto de reforma do Pacaembu após a privatização do estádio prevê a substituição da área do tobogã, espaço para cerca de 10 mil pessoas, por um prédio comercial que aproveitará a localização central do estádio na cidade para faturar com centro de convenções e aluguel de escritórios.
O projeto do “Novo Pacaembu” feito pelo Consórcio Patrimônio SP, que venceu a licitação para gerenciar o espaço pelos próximos 35 anos ao valor de R$ 111 milhões, foi detalhado pelo “Blog Olhar Olímpico”, do jornalista Demétrio Vecchioli.
O projeto do novo Pacaembu com o prédio comercial, segundo projeção da Progen (Foto: Divulgação)
De acordo com a publicação, o projeto prevê a substituição do Tobogã por uma esplanada de 3 mil m², ligando o campo de futebol a um prédio comercial. Com isso, a capacidade do Pacaembu seria reduzida para 26 mil pessoas. Para compesnar a redução de público, a ideia da Progen, uma das empresas ligadas ao Patrimônio SP, é usar estruturas provisórias de arquibancada em jogos de alta demanda. A empresa é especialista nesse tipo de construção, tendo sido responsável pelas instalações provisórias da Arena Corinthians nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
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A previsão é de que um mínimo de 15 partidas de futebol de alto nível sejam realizadas no estádio ao longo do ano. Além disso, existe o interesse de receber não apenas jogos profissionais, mas amadores, que não envolvem necessariamente a presença de grande público nem o pagamento de aluguel para utilização do espaço. O objetivo do consórcio é de que 5 mil pessoas passem diariamente pelo complexo. Com isso, o grande atrativo comercial do estádio deixa de ser o esporte e passa a ser o prédio comercial.
A ambição dos executivos é de que o espaço se torne um polo de tecnologia e abrigue empresas da nova economia. Com a proximidade de diversas grandes faculdades na região do Pacaembu, a meta é incentivar pequenos empreendedores a se instalarem no prédio. Um dos andares será reservado para escritórios, restaurantes e bares. O acréscimo no número de pessoas utilizando o espaço deve reverter em aumento de gente utilizando parte da estrutura esportiva do Pacaembu, que não poderá ser desmontada, conforme previa o edital de privatização.
Assim, a expectativa é de que não apenas os moradores do bairro, mas os trabalhadores do Novo Pacaembu paguem para utilizar quadras de tênis e poliesportiva. Além disso, a piscina e a pista de atletismo continuarão abertas para a população. Nos dias de alta demanda, a utilização seguirá uma ordem de chegada, segundo relataram os executivos da Progen.
Inicialmente, o Pacaembu foi construído sem o tobogã. O local abrigava a “Concha Acústica”, uma espécie de palco que tinha uma preparação acústica para realizar shows e eventos. Erguido em 1940, o Pacaembu era uma das primeiras arenas multiuso do país. A Concha Acústica foi demolida e substituída pelo tobogã em 1970, pouco depois de o estádio do Morumbi ter sido inaugurado. Naquela época, impulsionado pela ditadura militar, o Brasil vivia um surto de grandeza, erguendo estádios para centenas de milhares de pessoas em diversas cidades.