O presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, oficializou a insatisfação com o marketing e a comunicação e pediu aos cinco diretores que compunham os respectivos departamentos que deixem seus cargos. Entre todos eles, aquele que está oferecendo resistência é Rubens Reis, até então responsável por coordenar ambas as áreas. O ex-diretor se negou a cumprir solicitação feita para que saia da função.
“Alguns já tinham demonstrado interesse em sair, mas agora, por minha solicitação, todos os que estavam entregaram seus cargos. Eu conversei com o Rubinho duas vezes, e ele já não faz mais parte do departamento”, diz o presidente. A respeito da recusa, Tirone confirmou que o ex-responsável pelo marketing não quer largar o cargo, mas completou: “Quem é ele para se recusar a sair?”.
A discord”ncia entre presidente e diretor de marketing não é nova. Ambos têm reclamado um do outro por meio da imprensa desde o início desta temporada, justamente quando o Palmeiras tem conseguido bons resultados dentro de campo e até fora dele, com a venda da cota máster para a Kia Motors. Fora do alcance das c”meras e microfones, as discussões têm sido ainda mais graves.
“Eu não assisti, mas muitas pessoas disseram que houve uma discussão bastante ríspida entre os dois, a ponto de outros conselheiros terem se envolvido para apartar, para não virar uma briga”, conta Gilto Avallone, conselheiro palmeirense. Sobre o episódio, em janeiro deste ano, Tirone admite ter tentado convencer Reis a deixar o cargo, mas refuta a hipótese de que houve um bate-boca.
Por que não antes?
As destituições, na verdade, são as etapas finais de um quadro que começou a ser pintado meses antes. Em janeiro deste ano, Reis e Newton Lavieri, agora ex-diretor de comunicação, ambos coligados à ala política do ex-presidente Affonso Della Monica, disseram em reunião da diretoria que deixariam os cargos se assim fosse desejado. À época, Tirone amenizou a situação e fez com que os dois continuassem, apesar de pregar que as áreas fossem reformuladas desde pelo menos novembro passado.
Nos bastidores palmeirenses, conta-se que o presidente não aceitou as saídas de Reis e Lavieri para que não houvesse maiores problemas na aprovação das contas pelo conselho deliberativo, algo que aconteceria no fim do mesmo mês de janeiro. Sem o apoio dos conselheiros próximos a Della Monica, o Palmeiras poderia ter problemas para aprovar os orçamentos de 2011 e 2012, e vale lembrar que os números haviam sido reprovados anteriormente pelo Conselho de Orientação e Fiscalização (COF).
Sob novo comando
Apesar das saídas de Rubens Reis, Bruno Frizzo, Marco Polo Del Nero Filho, Newton Lavieri e Leonardo Volterrini, o marketing palmeirense segue em atividade, principalmente porque está sob nova direção internamente. Agora, o responsável por direcionar a área é Edvaldo Frasson, vice-presidente administrativo, que não irá assumir nenhum dos cargos disponíveis, apenas supervisionar.
Na prática, quem fará mais falta em termos de presença no dia a dia são Reis e Lavieri. Os dois eram os últimos remanescentes de um conselho gestor montado em junho de 2011, no início da gestão de Tirone. Frizzo, filho de Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol da equipe paulista, foi o primeiro a se afastar do cotidiano alviverde, em função de discord”ncias com os colegas.
Frizzo, inclusive, diz ser um dos principais incentivadores do presidente do time alviverde para que o departamento fosse totalmente reestruturado. “A gente já conversava, e eu sempre o incentivei a fazer isso”, conta o ex-diretor. “O departamento tem de passar por uma reformulação verdadeira, e não adianta tirar conselheiros para por outros. Espero que ele faça, e estou à disposição para ajudá-lo”.
O afastamento de Del Nero Filho, filho de Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), ocorreu pouco depois de Frizzo. Incomodado por não ter conseguido emplacar a SPR Franquias como parceira do clube na criação de rede de lojas, em processo vencido pela Meltex, o advogado, que pouco aparecia no Palmeiras, tornou-se ainda menos presente no dia a dia.
Volterrini, por fim, teve problemas com o colega na pasta de comunicação e propaganda, Lavieri. Por causa de diversas discord”ncias, o ex-diretor conversou pessoalmente com Tirone em dezembro passado para sair do cargo, mas foi convencido do contrário pelo mandatário. Hoje, quase três meses depois, apenas aguarda carta do presidente para oficializar a saída efetiva da diretoria palmeirense.