Em meio às criticas de lutadores pela falta de patrocínios e à fragilidade das confederações de artes marciais no Brasil, a Bad Boy é das poucas empresas a patrocinar atletas. A empresa já estampou a marca nos calções de lutadores de MMA (artes marciais mistas, na sigla em inglês) e foca verba no apoio ao jiu-jitsu, mas para por aí.
“Se levarmos para o lado do marketing e medirmos quanto colocamos de dinheiro e quanto recebemos em retorno, essa conta não vale muito a pena”, afirma o agente de licenciamentos da companhia, Roberto Reisstoller, à Máquina do Esporte. “Nós apoiamos muito mais para ajudar o esporte”.
Nos últimos anos, quando o MMA ainda era proibido nos Estados Unidos devido à interferência da confederação de boxe do país, as artes marciais tiveram de migrar para outros países e a Bad Boy aproveitou o momento para patrocinar nomes internacionais.
Depois da liberação e da difusão do torneio, porém, o alto custo para se atrelar a determinados lutadores fez com que a empresa fizesse aportes mais comedidos. “No Brasil, é muito caro patrocinar um atleta que disputa a UFC (Ultimate Fighting Championship)”, conta Reisstoller.
Com a dificuldade em apoiar lutadores com maior visibilidade, a Bad Boy brasileira se empenhou em convencer a direção internacional da companhia a manter o aporte às artes marciais. A iniciativa foi bem sucedida e fez com que a empresa criasse uma equipe de patrocinados internacional.
Para bancar esse time de renomados atletas, todas as filiais, em diferentes países, cedem parte do orçamento para que os aportes sejam pagos. Com o restante, podem trabalhar na criação de linhas de produtos alusivas às lutas, como quimonos, calções e outros materiais esportivos.
Contudo, lutadores jovens e poucos conhecidos ou de modalidades além do jiu-jitsu ainda não fazem parte do planejamento da Bad Boy. Segundo o agente, a falta de suporte do Estado enfraquece artes marciais e afasta o apoio de companhias. “O governo precisa incentivar esses esportes desde o princípio, nas escolas, para então conscientizar as grandes empresas de que vale a pena”, explica.
Fortalecimento
Entre lutadores, empresários e especialistas em marketing, é consenso que o caminho a se seguir para atrair patrocínios às artes marciais é a profissionalização. Esse movimento deve começar pelo governo, conforme sugeriu Roberto Reisstoller, mas também cabe às confederações que representam cada modalidade.
“Para que o mercado se interesse pela luta, a confederação tem de estar estruturada, formada, praticante, com ídolos e visibilidade, senão não há como conseguir patrocínios do mercado”, argumenta José Cocco, diretor da agência J.Cocco Sportainment.
O erro, segundo o especialista em marketing esportivo é supor que a verba necessária para fortalecer o esporte deve vir antes do fortalecimento em si. “Normalmente, as pessoas querem recursos para depois criar o produto”, argumenta. “O correto é o inverso: as confederações precisam trabalhar o próprio produto para somente então conseguir dinheiro do mercado publicitário e de patrocinadores”.
Enquanto a imagem da entidade e da luta ainda não estiverem formadas perante a sociedade, os esforços de dirigentes devem se concentrar na busca de apoio do governo. Após essa etapa, massificar a prática da arte marcial para que sejam criados, aos poucos, ídolos, tal qual acontece esporadicamente com nomes como Acelino “Popó” de Freitas no boxe.
O caminho para atingir a difusão da luta entre a população, para Cocco, é apostar na divulgação por meio da imprensa tradicional, uma vez que o custo para compra de espaço na mídia é muito alto. “As pessoas costumam reclamar que tais esportes não são noticiados, mas o que realmente importa é a perseverança dela em fazê-los ser notícia”, finaliza o especialista. “Se você tem eventos diferenciados e consegue resultados em competições internacionais, você acaba sendo notícia”.
Conheça dificuldades enfrentadas por lutadores: