Em 2013, primeiro ano da gestão do presidente Eduardo Bandeira de Mello, o Flamengo superou São Paulo e Corinthians e registrou a maior receita do Brasil sem considerar transferências de atletas. O clube rubro-negro arrecadou R$ 273 milhões, um aumento de 36% sobre os R$ 200,5 milhões registrados no ano anterior, e conseguiu pela primeira vez ficar à frente do Corinthians, que marcou R$ 246,9 milhões de receita, com um recuo de 24% em relação a 2012, e do São Paulo, com um faturamento de R$ 213,9 milhões, 10% menor do que na temporada anterior.
Há alguns bons motivos que explicam a mudança no cenário do futebol brasileiro. Antes de detalhar as receitas flamenguistas, vale mencionar que corintianos e são-paulinos, ambos mal esportivamente no ano passado e com cotas de televisão pagas pela Globo significativamente inferiores ao período anterior, não conseguiram recuperar as perdas com fontes de receita como patrocínios, bilheterias e sócios-torcedores. Foi justamente nesses pontos que o Flamengo se deu melhor.
Os contratos assinados com Caixa, de R$ 25 milhões anuais, e Peugeot, de R$ 8,4 milhões por ano, fizeram com que os patrocínios aumentassem de R$ 34,4 milhões em 2012 para R$ 53,3 milhões em 2013. Um mérito do departamento de marketing, comandado por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, vice-presidente desta área, que conseguiu novos acordos em poucos meses. A assinatura do contrato com a Adidas, costurado ainda na gestão da ex-presidente Patrícia Amorim e que rende R$ 20,5 milhões em dinheiro por ano, também ajudou neste quesito.
Por parte das bilheterias, o salto foi gigantesco. A receita com a venda de ingressos subiu de R$ 9,5 milhões em 2012 para R$ 48,3 milhões em 2013. Há três explicações. Primeiro, o Maracanã foi reaberto após alguns anos de fechamento por causa de obras para a Copa do Mundo. Segundo, o Flamengo adotou uma política de preços significativamente mais altos para as entradas. Terceiro, o clube foi bem dentro de campo e conquistou a Copa Sadia do Brasil. Junte os três fatores, e só na final da competição, com 68.857 pessoas no estádio a um custo médio de R$ 141,36 cada, os flamenguistas tiveram R$ 4,7 milhões de receita líquida.
Em relação a sócios-torcedores, o Flamengo é atualmente o terceiro maior clube do país em número de associados, com 64 mil, atrás apenas dos gaúchos Grêmio e Internacional. Esta foi uma fonte de dinheiro, até então inexistente, que começou a jorrar em 2013. Foram R$ 16,5 milhões arrecadados. Campanhas feitas pelo departamento de marketing, por vezes até agressivas demais, carregam parte do mérito neste sentido – o fato de a torcida rubro-negra ser a mais numerosa do país e de o clube ter sido campeão são os principais responsáveis.
E com atletas?
Se acrescentados os valores obtidos com transferências de jogadores, o Flamengo segue atrás de São Paulo e Corinthians. Nas demonstrações financeiras referentes ao ano passado, os cariocas registraram zero de receita com vendas, enquanto os corintianos faturaram R$ 69,1 milhões com ela, e os são-paulinos deitaram e rolaram com a ida de Lucas para a França e conseguiram R$ 148 milhões só com atletas. Deste modo, o São Paulo tem o maior faturamento.
Considerar a venda de atletas não é uma prática adotada, em especial na Europa, porque esta é uma receita que tem grandes variações de uma temporada para a outra e que camufla a real capacidade de uma gestão de ganhar dinheiro.