Dennis Kimetto, 30, tornou-se, no domingo, o primeiro homem a correr a maratona em menos de 123 minutos. O recorde do queniano na Maratona de Berlim (2h02min57s) é 26 segundos mais rápido do que a antiga marca, de seu compatriota, Wilson Kipsang, obtida na mesma prova, no ano passado.
Mas não é o extraordinário talento da África Subsaariana para provas longas que explica totalmente porque a maratona se tornou a competição mais atraente do atletismo. A entrada de patrocinadores fortes, a participação popular de amadores competindo junto com os profissionais, a cobertura extensiva de TV e o aumento de premiações são outros fatores que fizeram a disputa crescer.
Em 2006, foi criado o Circuito das Grandes Maratonas, com premiação de US$ 1 milhão dividida entre os vencedores (masculino e feminino). Hoje, o circuito, com duração de dois anos, engloba as maratonas de Nova York, Boston, Chicago, Londres, Berlim e Tóquio, além das provas nos anos coincidentes com o Mundial de atletismo e os Jogos Olímpicos.
Isso motivou os atletas a irem para a rua cada vez mais jovens. “Antigamente, o normal era o corredor começar nas provas longas de pista [5.000 m e 10.000 m] e partir para a maratona com 28, 30 anos”, conta Ricardo D’Angelo, um dos principais técnicos de corrida de rua do país. “Hoje, os quenianos e etíopes já começam na rua.”
A ascensão da rua, já reflete a decadência na pista. A Liga Diamante de Bruxelas, por exemplo, teve que cancelar os 10.000 m por falta de competidores. O evento na Bélgica é um dos principais da temporada e fecha o calendário do atletismo.
O primeiro “boom” da maratona ocorreu nos anos 70, com o estabelecimento das importantes provas de Nova York (1970), Berlim (1974), Chicago (1977) e Londres (1981), já na década seguinte. Dos anos 70 até 2006, data da criação do circuito internacional, um recorde da maratona durava quase três anos para ser quebrado. Atualmente, uma nova marca dura em média 1,6 ano, quase a metade.
“Não tem como concorrer com a maratona. As provas de pista ficaram em segundo plano”, afirma D’Angelo.